PINGA-FOGO

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SÃO DORNELLES- No casa de André Ceciliano, em Mendes, no almoço na véspera da final da Libertadores, o ex-governador Luiz Fernando Pezão profetizava: "Vai dar Flu no jogo de sábado. Com a ajuda do Dornelles lá em cima, ninguém tira a vitória".

SANTO TRICOLOR - O São Dornelles a que Pezão se referia era o ex-senador e seu vice-governador, Francisco Dornelles, tricolor fervoroso, que não perdia uma partida do seu time. Estava sempre no estádio em companhia do fiel escudeiro, Nilo Sérgio Félix, que foi ao Maracanã em companhia de D. Cecília e Mariana, respectivamente viúva e filha do inesquecível político. Nilo olhou para os céus quando foi dado o apito final e, chorando, agradeceu a proteção divina que o time recebeu de seu líder. Tanto ele como D Cecília e Mariana foram as lágrimas, em um misto de saudade e felicidade, sabendo que Dornelles, no plano superior, tinha cuidado do seu time de coração.

CARINHO- O carinho com a família Dornelles partiu do Secretário da Casa Civil, Nicola Miccione, que escalou o assessor Rubinho Albuquerque para acompanhar D. Cecília e Mariana até o estádio, em um carro credenciado pela Conmebol, honrando o amor do velho torcedor e ícone da política brasileira pelo Fluminense. São gestos como este que a política precisa, aliás este sempre foi o jeito que Frasncisco Dornelles exerceu a vida pública.

PENTE FINO - Vai ser uma segunda-feira, 6 de novembro, muito corrida para a turma da Secretaria de Governo, fazendo um pente fino em todas as indicações do deputado Rodrigo Amorim e do seu irmão, o vereador Rogério Amorim, que foi secretário de Estado. A ordem é publicar todas as exonerações na próxima terça, 7. O governador Cláudio Castro não quer deixar ninguém nomeado. Da equipe de segurança, só ficarão os dois militares que cada deputado tem, pela tradição, em seus gabinetes. Os quatro extras já retornaram às origens. Chegando o período de final de ano, as exonerações coletivas terão um impacto na estrutura política dos dois irmãos.

FULMINADO - Quem sofreu algo semelhante no passado, com a perda de todos os cargos que tinha no governo, foi o então deputado André Lazaroni, depois que ficou com Paulo Melo e não foi perdoado por Jorge Picciani. Quando saiu o DO com as exonerações coletivas, houve fila de desempregados no gabinete de Lazaroni, que custou a superar o castigo.

SÓ REZANDO - Filho do conceituado pastor RR Soares, o deputado David Soares acabou entrando nomeio de uma polêmica delicada. Ele contratou uma agência para fazer sua campanha e o resultado foi exitoso. Deixou uma eterna suplência e conquistou o mandato. Só que esperou a última parcela do pagamento da agência e depois de várias barrigas, o marqueteiro teve uma desagradável surpresa: as notificações extrajudiciais de cobrança foram todas devolvidas. O endereço que o deputado David Soares colocou no contrato é inexistente, e o partido, União Brasil, não reconhece a dívida. A solução foi pedir a sua notificação em seu gabinete, na Câmara dos Deputados.

AGENDA NACIONAL - O governador Cláudio Castro embarcou para São Paulo logo pela manhã de domingo. Foi prestigiar a diretoria da Rede Band na corrida de Fórmula 1, em Interlagos. Na segunda, tem três eventos de peso. Pela manhã, um seminário para empresários organizado pela BTG. À tarde, almoço e palestra do Lide de João Doria. E à noite, um jantar organizado pelo grupo Esfera.

GAFE ALÉM MAR- O Globo, na edição impressa de sábado, citou a entrevista que o nosso colunista Fernando Molica realizou com o deputado Quaquá, afirmando que foi no jornal "português" Correio da Manhã. Alguns revisores e editores daquele jornal não se conformam de estar levando uma surra na cobertura política do "fluminense" Correio da Manhã, que, aliás, tem a sua redação no Rio e gráficas próprias em Petrópolis, Volta Redonda e Brasília. No on-line, a gafe foi corrigida imediatamente por um zeloso repórter, porém, foi imortalizada na edição impressa. Molica continua no Rio e não trabalhando no homônimo Correio da Manhã lusitano, fundado décadas depois do brasileiro.

MUSTRANGI ASSUME - Petrópolis pode trocar de prefeito antes mesmo de 2024. O ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, negou um pedido da defesa do prefeito Rubens Bomtempo, que pedia a anulação de uma ação civil pública que o condenou por improbidade administrativa. A aplicação da sentença, que é a inelegibilidade, ainda depende do parecer da Justiça em um agravo do Ministério Público do Rio. Mas essa negativa é uma chance real de afastamento de Bomtempo do cargo.

Nesse caso, quem assume é o vice-prefeito Paulo Mustrangi, que já ocupou essa cadeira em Petrópolis entre 2009 e 2012. E será o mandato mais curto de Bomtempo no Executivo, já que assumiu em dezembro de 2021, por força da Justiça.

KASSAB E OPREFEITO DE PORTO REAL - O secretário de Estado de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, atravessou fronteiras e faz investidas também no Estado do Rio. Começou pela região do Médio Paraíba e convidou o prefeito de Porto Real, Alexandre Serfiotis, para um almoço em sua casa, na semana passada. Serfiotis, do PSD de Kassab, aceitou prontamente o convite. Sem dar detalhes, o prefeito afirmou que" foi uma ótima oportunidade para reencontrar o amigo e apresentar os avanços realizados na cidade de Porto Real".

UM AO LADO DO OUTRO - Desde que Serfiotis era da bancada fluminense na Câmara Federal e Kassab ainda ministro das Cidades do então governo Temer, os dois se tornaram próximos. Em 2020, logo após ser eleito, Serfiotis partiu para São Paulo. Foi se encontrar com Kassab e declarou: "Sob sua liderança, o PSD é hoje um dos maiores partidos do país, o qual me deu a oportunidade de ter dois mandatos como deputado federal e agora eleito prefeito de Porto Real. Obrigado por confiar no meu trabalho, Kassab, me orgulho de fazer parte da família PSD".

PROFUNDO CONHECEDOR DO MÉDIO PARAÍBA - Além disso, Gilberto Kassab conhece bem a região. Esteve ao lado do ex-governador Luiz Fernando Pezão, em 2015, quando tiraram muitas obras do papel e participaram por diversas vezes dos famosos almoços que acontecem na casa do prefeito de Volta Redonda, Antonio Francisco Neto, do PP, com a tradicional comida árabe no cardápio e, lógico, articulações políticas. Neto faz questão de receber seus aliados na sua própria casa no Jardim Amália, com seu jeito pessoal de governar.

À ESPERA DO SIM - Detalhe: Pezão já afirmou que espera somente o "sim" de sua esposa, Maria Lucia, que foi uma verdadeira heroína durante os percalços passados pelo ex-governador, para bater o martelo sobre sua possível candidatura à prefeitura de Piraí, sua cidade natal. Pezão voltou ao cenário político fluminense com tapete vermelho e, caso dispute as eleições, deve ser pelo MDB de Washington Reis, que já o trata como pré-candidato.

DISPUTA NATRIBUTÁRIA - A reforma tributária vai chegando a sua reta final no Senado, numa disputa entre o relator, Eduardo Braga (MDB-AM), e a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Para ganhar tempo, quando a reforma foi aprovada na Câmara, acertou-se que oficialmente ela só tramitaria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com a CAE sendo o espaço de discussões de forma informal.

GRUPO DETRABALHO - Mas o presidente da CAE, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), acabou criando um grupo de trabalho, que teve Efraim Filho (União-PB) como relator. O resultado foi uma certa disputa. Alguns setores do empresariado reclamam que não conseguiam ter acesso a Braga, mas somente a Efraim na CAE. Isso gerou uma espécie de relatório paralelo da CAE, que incialmente Braga resistiu a receber.

EXCEÇÕES - Ao final, Braga recebeu o relatório da CAE. E negocia algumas incorporações. O grande problema é o jogo de pressões dos diversos setores para não terem a alíquota cheia do novo imposto, ficando com exceções, com alíquotas diferenciadas. O risco agora é isso não gerar uma alíquota geral muito alta. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já está prevendo uma alíquota geral de 27,5%.

TRANSIÇÃO - Importante lembrar que, mesmo aprovada a reforma, a aplicação na prática dos novos impostos demora e acontece de forma paulatina. A reforma prevê uma longa transição que só terminará em 2033. Mudanças serão feitas aos poucos. E ainda deve haver muita discussão entre os setores durante a tramitação das leis complementares que, de fato, definirão os impostos.