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Coluna Magnavita | Drone espião da TV Globo invade área militar. Aparelho foi abatido e apreendido

Legenda | Foto: CM

Um drone da Rede Globo invadiu um quartel militar na tarde desta quarta, 13 de dezembro, e acabou sendo abatido e apreendido. Sem a menor cerimônia, o objeto voador entrou na área restrita do histórico quartel do Corpo de Bombeiros do Humaitá. Sem saber da origem, o drone foi capturado pelos militares de serviço. Poderia estar a serviço de marginais, até mesmo estar portando algum artefato explosivo ou incendiário, capaz de danificar equipamentos e a própria instalação militar.

O capitão de serviço, após identificar que não havia risco, resolveu levar o aparelho para a delegacia de Polícia Civil da área, para instaurar uma investigação. Foi neste momento que começaram a pipocar telefonemas de editores e apresentadores da Globo, pedindo a devolução e explicando que o aparelho estava sendo usado para uma "importante" matéria investigativa. O objetivo da "invasão" era filmar a varanda do quartel que havia perdido um dos seus adereços. Uma das imagens do rosto de um leão que adorna a varanda, que havia caído e apareceu em um dispositivo artístico entregue solenemente pelo comandante do batalhão do Humaitá ao Comandante Geral.

Macaque in the trees
Objeto voador da emissora invadiu área de quartel do Corpo de Bombeiros | Foto: CM

A reportagem foi ao ar no RJTV 2ª Edição sem revelar a invasão do drone. A cara de leão, que motivou a "investigação" global, não tinha condições de retornar a fachada, que está sendo restaurada e foi recuperada para ser colocada no museu da instituição, que funciona no Quartel-General da corporação.

Fica uma reflexão sobre a conduta ética da invasão de uma unidade militar pelo desespero de um duvidoso jornalismo investigativo, realizado sem limites e restrições, que coloca o jornalista acima do bem e do mal. É o mesmo tipo de drone que a emissora já usou para invadir coberturas, casas de campo e empresas de políticos e empresários, violando a propriedade privada.

Depois dos apelos desesperados, o drone da Rede Globo foi devolvido amigavelmente à emissora, que não pediu desculpas e colocou a matéria no ar, criando um clima de mistério sobre o leão que virou peça de museu. Se tivesse contado a história completa, do drone F08926 abatido e apreendido, incluindo o desespero da equipe envolvida, a matéria teria ficado bem mais interessante.

Sobre o Leão, pivô do apetite global, foi divulgada a seguinte nota oficial: "O 1º Grupamento de Bombeiros Militar (1º GBM) está recebendo o projeto Nova Caserna, que tem obras de restauro e melhorias em todas as unidades do estado. O 1º GBM possui em sua estrutura diversas esculturas de rosto de leão, que, por estarem danificadas, estão no escopo das melhorias previstas para a unidade. As peças danificadas estão sendo reparadas ou substituídas, dependendo do estado, e serão instaladas até fevereiro de 2024. Uma peça sem condições de reparo, que estava destinada ao descarte, foi colada e pintada por um militar, que entregou para ser instalada no museu do Quartel Central, que também passa por obras de reparo e melhoria".

Este tipo de pauta sensacionalista, e invasão de uma área militar — nos EUA é um crime muito sério —, segundo um professor de comunicação, é fruto dos seguidos processos de demissões ocorridos no jornalismo global, que perdeu experientes e tarimbados profissionais nos últimos meses.

 

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