Coluna Magnavita: Os gestos que fazem história

O aniversário de 94 anos do ex-presidente da República José Sarney foi um marco em um Brasil polarizado e com divisões na política, que migram para as questões pessoais. A vida de José Sarney é feita de gestos.

Por Cláudio Magnavita

José Sarney e o empresário Paulo Octavio

O aniversário de 94 anos do ex-presidente da República José Sarney foi um marco em um Brasil polarizado e com divisões na política, que migram para as questões pessoais. A história tem reservado um papel de protagonista a Sarney, que inclui uma atuação no jornalismo, na literatura — consagrada com sua eleição para a Academia Brasileira de Letras — e na política, com seu tom ponderado e sereno. A vida de José Sarney é feita de gestos. Em Roma, nos eventos da canonização da Irmã Dulce, ao ser informado, durante um coquetel na Embaixada Brasileira, sobre o retorno do Correio da Manhã, ele vibrou e discorreu sobre sua longa relação com o jornal. Aliás, foi dele um gesto em desagravo a Niomar Muniz Sodré de Bittencourt, que foi perseguida e presa pelo regime militar quando fora presidente do Correio da Manhã. A jornalista foi homenageada em 26 de novembro de 1985, em um almoço no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio) no Rio de Janeiro. Na ocasião, estavam diversas personalidades, entre elas o então presidente da República José Sarney, que falou no resgate de uma injustiça do governo brasileiro, pelas perseguições políticas que ela sofreu, junto com seu jornal, no período do regime militar.

Na festa de aniversário, a presença do ministro Flávio Dino, do STF, fez pipocar os flash dos jornalistas e fotógrafos presentes. Afinal, os dois foram adversários na política maranhense. Pouca gente sabe, mas, 10 anos antes, Sarney fez um gesto pessoal de solidariedade a Dino, que presenciamos. O hoje ministro do STF era apenas presidente da Embratur e não havia chegado ao governo do Maranhão. Dino perdeu tragicamente o filho Marcelo por um erro médico e estava arrasado. Não há dor maior do que um pai enterrar um filho. José Sarney foi ao velório de Marcelo em Brasília. Abraçou solidariamente Flávio, fez sua oração e saiu em silêncio.

Uma atitude inesquecível

No último momento do governo Lula, foi Sarney que acompanhou o já ex-presidente na sua saída do Planalto, para o voo de regresso a São Paulo.

Falta hoje, ao Brasil, políticos com a fleuma de José Sarney. Aos 94 anos, ele percebe que já iniciou o julgamento pela história e que o saldo tem sido justo — e positivo. As presenças na festa dos seus 94 anos revelam que, nos seus gestos, mostram-se a grandeza do seu protagonismo na vida brasileira. A própria festa foi um exemplo disso, defendendo a conciliação e fim da polarização radical.

Vanessa Castro/GPS Brasília - O bolo da comemoração do aniversário de 94 anos de José Sarney.

Redes sociais - Sarney com os senadores Randolfe Rodrigues e Rodrigo Pacheco

Redes sociais - O maranhense Flávio Dino, ministro do STF, parabeniza o conterrâneo José Sarney pelo aniversário, deixando a adversidade política de lado

Redes sociais - O maranhense Flávio Dino, ministro do STF, parabeniza o conterrâneo José Sarney pelo aniversário.

Vanessa Castro/GPS Brasília - Sarney recebe cumprimentos do deputado Arthur Lira

Vanessa Castro/GPS Brasília - Governador do DF Ibaneis Rocha e José Sarney

Vanessa Castro/GPS Brasília - José Sarney e o empresário Paulo Octavio

Vanessa Castro/GPS Brasília - José Sarney e a jornalista Tereza Cruvinel

Vanessa Castro/GPS Brasília - Arthur Lira e Sarney Filho

Vanessa Castro/GPS Brasília - Deputado Otelino, Senadora Ana Paula e Roseana Sarney

Vanessa Castro/GPS Brasília - Embaixador Marcelo Jardim e Arthur Lira

Vanessa Castro/GPS Brasília - Vera Carla Silveira, Edcarlos Rebouças e Graça Amorim

Vanessa Castro/GPS Brasília - Vanessa Grazziotin, Sarney Filho, Cátia Abreu e Perpétua Almeida

Vanessa Castro/GPS Brasília - André Jardim, André Fufuca e Ely Jardim

Vanessa Castro/GPS Brasília - Marta Lobão, Senador Edson Lobão, Senadora Ana Paula e o Deputado Otelino