Por: Cláudio Magnavita

Coluna Magnavita | Universo das bets gera uma onda de viciados com casos de falências, endividamentos e até suicídios Rio está no epicentro deste novo submundo

Rio está no epicentro das Bets | Foto: Freepik

O universo das BETs é um terreno pantanoso e um caldeirão em ebulição explosiva. As empresas de apostas estão, na prática, comprando o silêncio da mídia com os casos de suicídios provocados por endividamento neste mundo que une esporte e jogatina.

É muito parecido com o universo misterioso das apostas e especulações das bitcoins. Casamentos foram desfeitos, patrimônios familiares comprometidos e poupanças esvaziadas por conta da ganância de lucro fácil.

Sobre as bets o caso é ainda mais sério. O vício é estimulado pela propaganda intensiva em programas esportivos e o uso de personalidades do esporte e influenciadores digitais para atrair os incautos.

O processo de sedução destas personalidades envolve convites para viagens luxuosas, shows e eventos internacionais, algumas vezes em voos fretados de jatos executivos e percentual dos negócios com as apostas dos seguidores.

No réveillon de 2023/2024, uma das bets encheu um 5 estrelas de Copacabana de celebridades, algumas até com direto a hospedagem em suítes neste processo de atrair captadores de apostas.

Um aspecto perigoso é a manipulação de resultados. As denúncias realizadas no início da onda das bets afetaram a credibilidade de algumas estrelas de futebol. A relação incestuosa entre futebol e as bets passa pelo patrocínio de campeonatos e times. Na Copa América, os painéis eletrônicos das partidas tinham uma das Bets como patrocinador. Uma relação preocupante.

O Rio de Janeiro, através das licenças concedidas pela Loterj, está no epicentro desta jogatina, que ocorre sem transparência e sem prestação de contas públicas. Os sinais de envolvimento de contraventores do jogo do bicho com as bets é suficiente para ligar os sinais de alerta neste novo submundo que está se estabelecendo no Brasil e, especialmente, no Rio.

Como grandes anunciantes das principais redes de televisão, o manto de um silêncio de cumplicidade é criado. Qual a rede ou jornal realizou reportagens sobre os suicídios, falências e dramas pessoais provocados pelo vício que une apostas com a paixão pelos esportes? No exterior, alguns jornais já afirmaram que não aceitam publicidade do universo Bet pela falta de transparência. O Correio da Manhã é o único veículo brasileiro a adotar esta postura de não permitir o envolvimento publicitário com as Bets.

É necessário abrir esta caixa preta e criar um alerta para o vício de jogadores que estão se endividando, indo à falência e até tirando a própria vida. Programas de apoio psicológico e assistência social precisam ser colocados à disposição da população. Os sinais deste vício já são epidêmicos. Cabe ao Ministério Público e às autoridades que combatem o crime organizado ligarem o sinal de alerta.