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Saquarema: a cidade que liga o Brasil à Angola

Brasil e Angola têm em comum a colonização, a língua portuguesa, o passado dramático da escravização, o que gera um ativo intercâmbio cultural e comercial entre esses dois países. O que quase ninguém sabe é que esses dois países têm uma história que vai muito além das consequências da colonização dos portugueses e a prova disso pode ser observada no promontório rochoso que tem no topo a famosa igreja de Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema.

Nesta semana, a UNESCO foi a cidade do litoral fluminense para avaliar e a partir desta avaliação, chancelar o Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro no qual Saquarema é um dos 16 municípios que perfazem seu território, e abriga diversos geosítios incluindo um património geológico de interesse internacional do estado. A cidade será reconhecida pelas rochas africanas que compravam a separação dos continentes sul-americano e africano. Estas rochas analisadas datam de 2 bilhões de anos e são as mesmas que ocorrem do outro lado do oceano Atlântico, em Angola.

Dentre os geossítios de Saquarema a Lagoa Vermelha se destaca como um patrimônio geológico de interesse internacional. É nela que habitam os estromatólitos, bioconstruções formadas através de micro-organismos que vivem em ambientes aquáticos rasos fazem fotossíntese e, no processo, liberam oxigênio para a atmosfera, precipitando e acumulando minerais. Os estromatólitos foram muito abundantes na Terra entre 3,5 bilhões e 500 milhões de anos. No entanto, hoje, eles se formam em poucos lugares do mundo como na Lagoa Vermelha e na Lagoa Salgada, no Brasil, na Austrália e nos Emirados Árabes.

A discussão para a criação do Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro começou em 2010 e é agora que os representantes da UNESCO vêm avaliar e chancelar os geossítios, áreas de interesse científico, didático-pedagógico, turístico, histórico, pré-histórico e ecológico, existentes nos municípios que vão desde Maricá até São Francisco de Itabapoana.

Os Geoparques da UNESCO são áreas geográficas únicas e unificadas onde os sítios e paisagens com significância internacional são geridos com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Possui uma abordagem que combina conservação com desenvolvimento sustentável e envolvimento das comunidades locais.