A audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Transparência da Alerj, realizada nesta quinta, 12 de setembro, trouxe importantes contribuições para o setor de eventos da cidade. A primeira delas foi dar visibilidade ao projeto de lei do deputado Rodrigo Amorim que institui a auto-declaração para a liberação de eventos de porte médio. O projeto ganhou adesão pública de outros parlamentares, sendo acatada a sugestão do novo comandante-geral dos Bombeiros, Tarciso Salles, para a manutenção da vistoria para os megaeventos, sendo levada às considerações do decano do parlamento fluminense, deputado Luís Paulo, para se considerar o histórico de eventos consolidados. "Um de 40 anos de sucesso como o Rock in Rio merece uma atenção especial pela competência demonstrada nas edições anteriores, bem diferente de um que começa agora" afirmou o parlamentar.
Outra contribuição foi definir uma maior atenção para as entidades que cuidam da infância e juventude, que precisam de uma maior integração para assistir ao público que participa e ao que fica no entorno.
Deve-se destacar também a lupa colocada sobre o papel das entidades em defesa da mulher, principalmente, em eventos no qual pode haver assédio e abuso. Vale ressaltar o movimento "Não é Não", para evitar o assédio em eventos com venda de bebida alcoólica por um longo período. Só a presença de um estande da campanha e de entidades de Defesa da Mulher ajudaria a coibir este comportamento e teria efeito didático. Foi um golaço abordar este tema que deveria ser levado em conta pelos organizadores de grandes eventos.
A CPI foi criticada por tratar de Rock in Rio na véspera do evento, correndo o risco de criar uma agenda negativa exatamente na semana da sua realização. A longo prazo, os seus resultados serão positivos e servirão para chamar a atenção.
A comissão serviu também para o deputado estadual de quatro legislatura, Gustavo Tutuca, atual secretário de Turismo do estado, elencar para a Casa os pontos positivos do Rock in Rio que contribuem para o turismo, entre eles o secretário apontou:
1. Para 2024, ao Rio de Janeiro, é estimado em mais de R$ 2 bilhões. Este valor reflete o grande fluxo de turistas nacionais e internacionais, a ocupação hoteleira elevada e o aumento no consumo em restaurantes, bares e outros estabelecimentos durante o período do festival. Em 2022 (última edição do evento), o evento gerou 28 mil empregos diretos e atraiu 260 mil turistas, o que contribuiu para essa movimentação econômica significativa. O evento também desempenha um papel fundamental no fortalecimento da economia local, além de ser uma importante plataforma de promoção internacional para a cidade do Rio de Janeiro.
2- Os shows do Rock In Rio estão atraindo viajantes de todo o país para o Rio de Janeiro. Um levantamento feito pela booking.com constatou um expressivo aumento em buscas de viajantes brasileiros por acomodações na capital fluminense. Para o período entre 13 e 15 de setembro, houve um crescimento de 37% nas buscas e o número fica ainda maior para o fim de semana entre 19 e 22 de setembro: 65% de aumento. Os dados colocam o Rio de Janeiro como um dos destinos mais cobiçados globalmente para o período.
3- O movimento de turistas e passageiros utilizando a 2ª maior rodoviária da América Latina a partir de 12 de setembro deverá ser 40% maior em comparação ao movimento normal. Segundo a previsão estatística da concessionária, no período do Rock in Rio (12 e 23 de setembro), a Rodoviária do Rio deve receber 225.500 passageiros em 7.161 ônibus (1.161 extras), principalmente vindos das regiões Sudeste (MG, SP e interior do RJ) e Brasília, transportando mais de 225 mil passageiros, grande parte desse número é composto pelo público do festival. Ao todo, considerando o número de embarques e desembarques nesse período, a Rodoviária do Rio movimentará 449.790, em um total de 14.086 ônibus.
4- O Rock in Rio vai movimentar o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, entre os dias 13 e 24 de setembro. Durante esse período, a concessionária RIOgaleão espera receber cerca de 380 voos extras. A estimativa é que esses voos adicionais movimentem aproximadamente 47 mil passageiros. Em comparação à edição anterior, realizada em 2022, a concessionária projeta um aumento de 200% no número de viajantes e 130% no total de pousos e decolagens. As cinco principais origens e destinos domésticos desses voos extras são: São Paulo (SP), Salvador (BA), Florianópolis (SC), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR).
5- Na primeira semana de shows (de 13 a 15 de setembro) a média da ocupação hoteleira na cidade está em 74%. São destaques as regiões de Barra/Recreio, com 85% e a Zona Sul (Leme/Copacabana e Ipanema/Leblon) com 78%. Já na segunda semana de shows (de 19 a 22 de setembro) as duas regiões continuam como destaques, Barra/Recreio com 75% e Zona Sul (Leme/Copacabana e Ipanema/Leblon) com 68%, enquanto a média da cidade está em 67%. A expectativa é chegar a 95% nos dois fins de semana.
A CPI serviu também de palco para que as contrapartidas aos gastos do estado nos grandes eventos sejam revertidos na própria área de segurança, com a compra de viaturas, drones e outros equipamentos . Também foi sugerido que pelo menos 80% da mão de obra seja do próprio Rio, alusão a uma informação que todos os seguranças do Rock in Rio são contratados em outros estados.