Coluna Magnavita | Até tu, Paulus?
É precoce a abertura do debate da sucessão estadual que ocorrerá só em 2026. É um tapa na cara do eleitor de 2024, que votou em Eduardo Paes.
A classe política do Rio ficou surpresa hoje com o acirramento de ânimos entre o deputado federal Pedro Paulo e o governador do estado do Rio, Cláudio Castro. Principalmente pelo histórico de amizade entre os dois. A rede social foi o ringue deste embate, no qual os dois perdem, principalmente por infestar o ambiente institucional com nuances de ingratidão e avanço de uma linha que não deve ser ultrapassada em nome da civilidade.
É precoce a abertura do debate da sucessão estadual que ocorrerá só em 2026. É um tapa na cara do eleitor de 2024, que votou em Eduardo Paes, o anúncio da sua candidatura ao governo antes mesmo da sua posse e até da diplomação como prefeito. Ninguém votou em Paes com a certeza de que ele deixará o mandato no meio, entregando o Palácio da Cidade a um vice de 29 anos.
Este debate precoce não é ético e nem respeita os 1,9 milhão de eleitores que elegeram Eduardo Paes no primeiro turno. O assunto foi colocado na mesa pelo mais próximo colaborador do Prefeito. Difícil acreditar que este balé de entrevistas ocorra sem estar combinado. O que o deputado quer com isso? Todo mundo sabe que ele possui uma profunda sintonia com Paes. Qual interesse de acirrar uma crise entre o estado e prefeitura da capital? O que ele deseja com isso?
Quem conhece os bastidores, sabe que Pedro Paulo teria bons motivos para ser grato ao governador Cláudio Castro, no plano pessoal. Na campanha de 2018, o fatídico vídeo íntimo surgiu. Em reunião no comitê da campanha, Pedro Paulo recebeu a promessa de que o caso seria abafado, que o vídeo não vazaria e que a Polícia Civil que tinha o material foi contida na tentativa de divulgar. O governador foi duro e não foi fraco a não ceder a pressão para promover um estrago eleitoral. Nesta campanha o assunto voltou à tona e Castro foi novamente ético e prometeu punir quem vazasse o material. Pesou ser um homem de família, de procurar uma política limpa, já que ele próprio sofreu acusações, por outros motivos, que afetaram sua vida pessoal.
Perde a política fluminense em ver dois jovens políticos entrando em conflito. Perde mais em ver um prefeito recém reeleito, antes mesmo da diplomação e da posse, permitindo que o seu entorno já carimbe seu passaporte para o Guanabara e não deu um pio para contrapor.
O efeito colateral pode ser medido pelas reações dos presidentes partidários. Eduardo Paes fica isolado e a soberba de ser detentor único da vestal da moralidade. Uma arrogância que não atrai aliados. Quem ganha com este embate e qual o seu objetivo? Uma coisa é certa: quem perde é Eduardo Paes, que antes da posse já rejeita a cadeira que tanto ama. Os deputados Quaquá e Lindbergh Farias ficam liberados para, junto com André Ceciliano, buscarem um nome afinado à esquerda e mais ao centro para o trono que Paes quer sentar com tanta antecipação.