ABUSO DE 'AUTORIDADE' MORTAL - A morte de uma adolescente pelo uso abusivo de um carro oficial do estado do Rio, em uma pista exclusiva do BRT, levanta uma situação grave que já foi denunciada pela coluna várias vezes. A prática só ocorre pela proliferação de placas reservadas, sem cadastro e que fazem as multas não serem aplicadas. Um instrumento que deveria proteger autoridades do alto escalão, acabou sendo desvirtuado e passou a ser usado de forma abusiva pelos condutores, pela garantia de impunidade.
Com as viaturas no limbo, já que não podem ser identificadas pelos OCR das câmeras de trânsito, que garantem a leitura automática dos números e letras e identificam os veículos, os carros oficiais pintam e bordam. Excesso de velocidade, uso de faixas proibidas e até estacionamentos irregulares.
A adolescente de 17 anos foi assassinada, pelo carro que estava a serviço da Secretaria de Cultura, ao atravessar a pista do BRT sem imaginar que, além de ônibus, ela era usada irregularmente por viaturas em alta velocidade em demonstração de poder e abuso fugindo do engarrafamento. Vale ressaltar que a secretária de Cultura estava no exterior e que o condutor cometeu a irregularidade por estar de posse de um veículo com placa reservada. Uma vida foi ceifada. Isso não seria suficiente para o estado adotar uma medida punitiva e coibir a proliferação deste instrumento usado de forma abusiva como demonstração de poder e de estar acima do bem e do mal?
A coluna sempre bateu duro no uso abusivo de giroflex (que foi reduzido) e as placas "secretas" nas mãos de condutores irresponsáveis.
O prefeito Eduardo Paes promete punir os carros da Prefeitura do Rio que usarem a pista do BRT. Em 2022, Felipe Zelino, que ocupava um cargo comissionado na prefeitura e dirigia uma viatura de serviço, atropelou e matou o garçom Renê Martins, dirigindo em alta velocidade em uma pista de BRT. A prefeitura adotou tolerância zero a partir desta fatalidade.
PUNIDO PELO ABUSO - Nas estradas, a PRF está utilizando a leitura de placas para combater a criminalidade. O prefeito Léo Vieira, de São João do Meriti, não devolveu a placa que recebeu da Alerj quando era deputado estadual e foi parado. Transportava R$ 117 mil que foram apreendidos e virou escândalo na mídia. Ao denunciar o mandato parlamentar, ele deveria ter devolvido a placa reservada e agora paga uma condenação midiática. Fica um aviso para as autoridades: a Polícia Rodoviária Federal vai continuar parando os carros que estão com placas sem identificação no banco de dados do Detran.
ALMOÇO NADA SECRETO - Apesar de ter desviado o almoço, originalmente marcado para o restaurante Alcaparra, um conhecido advogado muito ligado ao Guanabara e dono de uma das melhores adegas da cidade, foi visto almoçando na Marina da Glória com o vice-governador Thiago Pampolha. Nada demais ter amizade e almoçar com o vice, o que ficou feio foi tentar esconder algo tão normal.
CLIENTE RADIOATIVO - O advogado baiano Ciro Soares está em voo solo. O escritório de advocacia que o tinha como sócio jura de pé junto que rompeu seus laços e Ciro andou fazendo incursões na área de Meio Ambiente para conseguir a licença de um cliente radioativo ligado à área de combustível. Fez quatro abordagens incômodas para tentar liberar uma licença que beneficia o cliente que motivou seu desligamento do grande escritório que atuava. Soares é aquele que se apresentava como "quase genro" de um ministro do STF e que usou esta aproximação fictícia para fotos e azeitar seu prestígio no meio jurídico.
DESESPERO PELA TERRANA - Causou estranheza a incursão do presidente da Codin, Fábio Picanço, na Secretaria da Fazenda e o embate ríspido que promoveu na tentativa de trocar o titular da Inspetoria de Duque de Caxias e nomear um amigo. Nas paredes da Sefaz, a rispidez e o desespero têm como objetivo resolver problemas da Distribuidora Terrana, que, aliás, pertencem aos mesmos clientes radioativos do advogado baiano Ciro Soares. A estranheza deve-se ao fato de Picanço ter sido sempre elogiado pela sua cordialidade.
PERDA DA CONCESSÃO DA CEBGÁS - O Tribunal de Contas do Distrito Federal tem um processo explosivo. Ele pede o fim da concessão de gás da CEBGÁS, a estatal do GDF que nunca conseguiu tirar do papel em mais de uma década nada do que foi concedido na área do gás encanado. Esta é a razão de Carlos Suarez tentar levar o gasoduto para Brasília e transformar o seu patinho feio em um cisne bilionário.
PERDERAM O MEDO? - E a Petrobras hein? Caiu na mira do TCU por causa da bilionária encomenda de R$ 16 bilhões para embarcações de alto-mar. A corte de contas foi acionada por uma denúncia da Associação Brasileira dos Usuários dos Portos, Transporte e Logística, que afirma que as empresas Bram Offshore Transportes Marítimos e Starnav Serviços Marítimos foram favorecidas em licitações realizadas em 2024 para o afretamento e construção de 12 embarcações OSRV, destinadas à contenção de derramamentos de óleo no mar. A turma deste negócio bilionário são os operadores que possuem as mesmas digitais da época do Petrolão. Os dirigentes da estatal perderam o medo? O TCU vai olhar com lupa e microscópio estes negócios com ecos do passado.