A Casa ParlaMento do grupo Esfera reuniu, nesta terça, 02 de abril, dirigentes empresariais para um almoço de trabalho com duas estrelas da direita na Câmara dos Deputados: o vice-presidente da Câmara, Altineu Cortês; e o líder da bancada do PL, deputado Sóstenes Cavalcante. Semanalmente o local tem sido onde acontece o tête-à-tête com lideranças do parlamento, sempre em pequenos grupos. Uma das mágicas destas reuniões tem sido a franqueza dos parlamentares convidados. Parece o clima do cafezinho, quando as coisas mais importantes são ditas em alto e bom tom.
A Casa ParlaMento, localizada na QI 16 do Lago Sul, tem produzido reflexões interessantes e o seu pórtico de entrada tem uma energia misteriosa. Os parlamentares entram deixando na soleira o prisma da conveniência.
QUEM SENTA À ESQUERDA? - A química de Altineu e Sóstenes foi percebida na formação da mesa, na disputa de quem sentava à esquerda ou à direita. "Você senta à esquerda, já que disputou uma eleição pelo PT…" disse Sóstenes a Altineu, que respondeu: "fiquei só nove meses já que conheci o partido por dentro".
EX-CARA PINTADA - Ao se referir ao curto passado petista de Altineu, Sóstenes Cavalcante revelou que foi na adolescência um dos caras pintadas do 'Fora Collor' pilotado por Lindbergh Farias na UNE. "Eu tinha 16 anos e era líder estudantil no interior de Minas. Vice-presidente da entidade dos secundaristas. Até elegi um vereador na cidade, o presidente do Sindicato dos Professores. Ele roubou tanto, que abandonei a esquerda e passei a gostar do PSDB".
FISCAIS DE LULA - Este clima de informalidade e de rejeição à esquerda levou os dois a começarem logo reafirmando o papel de fiscal do atual governo. Estamos monitorando o passo a passo do Governo Federal e vendo o que tem de errado. Não tem faltado assunto.
NOVA CONSTITUIÇÃO - A primeira pergunta foi sobre um tema muito próximo ao CEO do Casa ParlaMento, João Victor Prasser, que mediava a conversa: o semipresidencialismo. O jovem advogado, que é mestre em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professor no Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), é o autor do livro "Semipresidencialismo no Brasil". Os dois deputados foram contra. Sóstenes de forma mais explícita. Altineu aposta que um novo governo vai precisar chamar uma nova constituinte e refazer a Constituição. Em tempo: João Victor trabalhava com o ministro Bruno Dantas, na presidência do TCU, de onde saiu para ser o CEO da Casa ParlaMento.
JAIR DECIDE - Tanto Altineu como Sóstenes foram certeiros na questão do candidato da direita para 2026. O candidato é Jair Bolsonaro e quem ele indicar. Não há dúvidas que caberá a ele pilotar o processo sucessório. O vice-presidente da Câmara complementou: "A direita tem Bolsonaro e outros bons nomes. Já a esquerda só tem um".
ANISTIA JÁ - Os dois deputados apontam que a prioridade é 2026. Votar anistia é a nossa pauta prioritária, afirmam em jogral. Os dois reafirmaram que foi o compromisso do então candidato a presidente da Câmara, Hugo Motta. O líder da bancada do PL é mais impaciente: "Se ele não colocar para votar, vai apanhar e muito no ato da Avenida Paulista". Já Altineu é mais comedido: tem certeza que ele vai votar, mas está esperando a hora certa para colocar em pauta".
SIDÓNIO, O ALIADO! - Sobre a queda de popularidade do governo Lula, Sóstenes Cavalcante foi cruel com o marqueteiro e ministro da Secom, Sidônio Palmeira. "Ele é o nosso maior aliado, quando coloca Lula para falar é um estrago. Se mandar o Lula ficar calado, será outro estrago, porque político não pode ficar em silêncio", afirma o líder que concluiu "se correr o bicho pega e se ficar o bicho come".
SENADO DE CÓCORAS - Sobre os parlamento conter os abusos do STF, os dois formaram consenso. Não adianta a Câmara votar e o Senado "ficar de cócoras" para o Supremo. Isso só vai ser resolvido com a eleição dos novos senadores em 2026. Ao microfone, Sóstenes foi corajoso: "Quando vamos votar algo que contraria o judiciário, a pressão é grande. São telefonemas para parlamentares pendurados na justiça".
LEIS MAIS DURAS - O deputado Altineu Côrtes nadou de braçada ao falar sobre segurança pública e o problema das audiências de custódia. O célebre "enxuga gelo" com o prende e solta nas audiências de custódias. "Um bandido que foi detido portando fuzil foi preso e solto várias vezes. Para ficar na cadeia, teria de ter matado alguém", disse Côrtes reafirmando as posições do Governador do Rio, Cláudio Castro. O presidente do Esfera, João Camargo, aproveitou para falar do estudo que foi realizado.
SIGA O DINHEIRO - João Camargo revelou o sucesso do movimento que levou à restrição dos acessos ao Coaf. "O acesso vai ser limitado nos estados só ao secretário de Segurança Pública e na Polícia Federal ao diretor-geral. Já há muito vazamento de informações e muitas vezes até acessada pelo crime organizado", revelou Camargo na sua fala e segredou "nos próximos dias o Coaf ganha um conselheiro que vai ajudar muito na nossa campanha: 'Follow the money', a melhor forma de combater o crime organizado".
