Por: Paulo Cézar Caju*

Viramos capas por polêmicas, não por conquistas

Sede da CBF. | Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Sou do tempo em que o Brasil era manchete mundo afora pelo talento dentro de campo. Os europeus se encantavam com o toque de bola, a ginga, o talento nacional e, além de tentarem imitar, tentavam descrever em palavras nos jornais. Foi assim em 58, 62, 70... e dava um orgulho danado de ser brasileiro! De um tempo para cá, no entanto, as glórias dentro de campo se extinguiram e as lambanças dos dirigentes da CBF se multiplicaram.

Agora, ao invés de estamparmos as capas de jornais pelas conquistas, viramos destaques por corrupção, polêmicas e confusões. A mais recente foi a destituição de Ednaldo Rodrigues do cargo de presidente. Vale lembrar que é o quinto caso seguido de presidente da CBF a se envolver em polêmicas. Antes dele, Ricardo Teixeira foi condenado por suborno e banido de qualquer atividade relacionada ao futebol; José Maria Marín foi condenado na Justiça americana por organização criminosa, fraude bancária e lavagem de dinheiro; Marco Polo Del Nero também foi citado pelo recebimento de propina em contratos relacionados a competições sul-americanas e, por fim, Rogério Caboclo foi afastado do cargo após ser acusado de assédio sexual por duas ex-funcionárias. Não é possível vocês acharem isso normal!

Como embaixador da CBF, me sinto extremamente envergonhado com essa situação. É claro que isso se reflete dentro de campo e a consequência é o longo jejum sem títulos. Frequento diversas peladas e posso garantir que são muito mais organizadas e bem gerenciadas pelos "presidentes", que promovem churrascos mensais, compram bolas novas, coletes, sem qualquer dor de cabeça para os peladeiros.

Ainda sobre gestão, gostaria de voltar no assunto Botafogo para expressar a minha insatisfação com John Textor. Além do Botafogo, ele administra o Lyon (último colocado do Campeonato Francês), o Crystal Palace, que briga para se manter na primeira divisão, e o RWD Molenbeek, da Bélgica. Tenho certeza que sua preocupação número um é a financeira e grande parcela de culpa da queda do Botafogo é devido à gestão. Li que Botafogo e Lyon têm acordo sobre valores, e saídas de Adryelson e Perri dependem só de troca de contratos. Isso explica muita coisa...

Por fim, não poderia desejar boa sorte ao Fluminense na disputa do Mundial. Antes de pensar no Manchester City, é preciso ficar atento ao adversário da semifinal, que pode ser o time de Benzema, Kanté e Romarinho ou o Al Ahly. Vale lembrar que Internacional (2010), Atlético-MG (2013), Palmeiras (2020) e, mais recentemente, Flamengo caíram nas semifinais. Abre o olho, Fluzão!!

Pérolas da semana:

E aí, geraldinos? Seguem sem entender lhufas?

1-"Estancada na sangria vermelha, costura a leitura para ter a visão da chapada na orelha da bola e mudar a rota da dita cuja".

2-"A verticalidade no último terço do campo permite uma alteração no DNA da sua equipe implementar um modelo de jogo que suporte a pressão aguda".

3-"O posicionamento corporal do quarto homem é estrategicamente executado para povoar o espaço por dentro do gramado".

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).

 

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