Por: Paulo Cézar Caju*

Futebol brasileiro cada vez mais medíocre

Futebol nacional está ficando cada vez mais mediano | Foto: CBF

Geraldinos, nosso futebol vai de mal a pior. Esta dando desgosto de assistir os jogos dos clubes, seja na Libertadores ou na Sul-Americana. Enquanto os times não pararem com essa ideia de vender jovens talentos para ajustar o caixa e contratarem atletas medianos da América do Sul, continuaremos com esse futebol medíocre.

Vamos começar por Botafogo e Junior Barranquilla. Um jogo que, se tivesse com a bola rolando até hoje, terminaria 0 a 0. Os dois entraram em campo sonolentos e terminaram os 90 minutos assim. Quem queria uma atração na televisão para dormir, certamente a encontrou nesta partida. Na sequência, Flamengo e Millionários; outro jogo que não deu vontade de assistir. Por mais que o Rubro-Negro estivesse precisando do resultado para confirmar a classificação, o adversário era bem inferior e o time brasileiro atuou mais precavido do que deveria, como é a escola gaúcha. Enquanto Tite for o comandante do Flamengo, o time pode até vencer, mas não vai convencer. Basta lembrarmos como era o Corinthians, uma equipe que vencia muito por 1 a 0, por atuar de forma retrancada e buscando se defender mais do que atacar. Para encerrar este assunto, Fluminense e Alianza Lima. Quem foi ao Maracanã na fria quarta-feira viu Diniz fazer, mais uma vez, testes na equipe. Um primeiro tempo com um time sem o armador, atuando com dois volantes no meio de campo, quatro atacantes e outro volante improvisado como zagueiro; resultado, um conjunto desorganizado em campo, que saiu perdendo de 1 a 0 e com a torcida vaiando. No segundo tempo, com Ganso em campo, o Fluminense foi outro, já que tinha um armador fazendo as jogadas, e a consequência foi uma vitória por 3 a 2, com a torcida aplaudindo os jogadores e Diniz no fim.

E a consequência destas atuações medianas, Geraldinos, se deve, principalmente, a recolonização por portugueses e espanhóis. A quantidade de estrangeiros nas equipes nacionais é muito grande, seja em campo ou na área técnica. O Fortaleza, por exemplo tem seis argentinos entre os titulares. No Internacional, uma situação parecida. No Sport Recife, idem. Ou seja, não temos mais espaços para as grandes estrelas da base mostrarem seus talentos nos gramados brasileiros, pois elas estão sendo reservas dos atletas medianos de Argentina, Paraguai, Equador, Colômbia e Venezuela. Como consequência, estão indo mais cedo para a Europa e, em contrapartida, os veteranos estão voltando para o Brasil, para, literalmente, "mamarem" o dinheiro dos clubes, já que ganham salários astronômicos e não atuam mais os 90 minutos. Além disso, os próprios treinadores brasileiros estão sendo sucumbidos por argentinos e portugueses. Os hermanos comandam Atlético Mineiro, Internacional, Fortaleza e São Paulo; e os lusitanos, Palmeiras, Bragantino, Cuiabá, Vasco, Corinthians e Botafogo.

Antes das pérolas, gostaria de falar de um esporte que não soube aproveitar o seu ídolo na época áurea e hoje está por atuações esporádicas de seus atletas, que é o tênis. Desde a Era Guga, a modalidade não teve outra estrela e não evoluiu muito. Em Roland Garros, a grande sensação do momento, Bia Haddad, foi eliminada na primeira rodada, assim como Thiago Monteiro e o sobrinho de Meligeni, contemporâneo de Guga. Triste ver um esporte do qual já fomos os melhores do mundo se contentar com essas atuações oscilantes da geração atual. Isso é um retrato de como o Brasil observa a prática esportiva atualmente, que não é mais tão levada à sério quanto antes.

Pérolas da Semana

1- "Ligação direta, espetando o adversário (pegue a espada!) , fazendo a contenção de danos e se alimentando da intensidade dos jogadores agudos, se encaixando para pegar outros, fazendo o sarrafo aumentar" (vou ressuscitar Adhemar Ferreira da Silva ou João do Pulo!)

2 -"Mudar a cartilha do time pela vertical, buscando as beiradas, se encaixando melhor em campo, mudando de prateleira e encaixando o que nunca foi encaixado (na venda, tiraram a caipirinha e virou a saideira).

3- "Deu um chapadaço na bola, chamando a curva, para ganhar a assistência, carregar melhor a bola e dar um tapa na orelha dela na contramão (vou chamar o guarda de trânsito para multá-lo).

4- "Começar como ala e depois vira X-1 com o ponta, vindo por dentro, mordendo o adversário (virou animal), baixando a linha de quatro e subindo a linha de três (cuidado para não perder o trem de volta)".

5-"Chamar o marcador para dançar (bolero ou valsa), dar uma penteada na bola (vou pegar o pente) com consistência, impactando e atacando o espaço".

6- "Atacante tem que atacar bem o espaço, com nível de acomodação e perfil de modelo ao encaixe (campo virou passarela de moda)".

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).