Eurocopa dá banho na Copa América
Hoje a coluna será especial para os Geraldinos e para todos aqueles que gostam do futebol clássico. Que maravilha está sendo esta Eurocopa! Por mais que tenhamos alguns grupos nivelados por baixo, como da Inglaterra e da Bélgica, muito em função da qualidade técnica dos países do Leste Europeu, deve-se levar em consideração o alto nível técnico de algumas seleções e, principalmente, das torcidas, que estão invadindo a Alemanha. O jogo entre Turquia e República Tcheca foi espetacular. A torcida turca lotou o estádio e fez o seu papel. Em campo, os jogadores turcos viram a euforia e jogaram de uma forma incrível. Por mais que a seleção já estivesse classificada para a fase de oitavas de final, terminar em segundo no grupo era melhor, pois, no chaveamento, a chance de enfrentar uma seleção de nível similar era maior do que em terceiro. O duelo estava empatado até os minutos finais, quando o centroavante turco, que não estava fazendo uma boa partida, fez um belo gol, fazendo os torcedores vibrarem com a vitória. Uma cena linda e, quem viu, recordou dos velhos tempos do futebol brasileiro.
Ainda na Eurocopa, não posso deixar de citar as atuações da Albânia que, mesmo ficando em último no grupo, não foi uma seleção fácil para Itália, Espanha e Croácia. Pelo contrário, fez jogos duríssimos contra as três, conseguindo um empate contra os croatas e perdendo de um gol de diferença para italianos e espanhóis. Mérito de Sylvinho, que, apesar de não ter apresentado um desempenho no Corinthians, está fazendo um ótimo papel à frente da Albânia. Outra que também surpreendeu foi a Geórgia, que venceu Portugal e se classificou como uma das melhores terceiras colocadas, tirando a Hungria das quartas de final. Ou seja, não tem mais time bobo no futebol europeu.
Vindo para as Américas, essa Copa América está difícil de assistir. A começar pela nossa seleção que, com três volantes, claro que não iria furar a defesa da Costa Rica. Um empate com sabor de derrota, diante da história das duas equipes no cenário mundial. O Brasil, há tempos, vem atuando de forma burocrática e pouco ofensivo. Nem lembra as seleções de 1994 e 2002. Estamos muito mal e com chances de nem vencer o torneio, pois, pelo que Venezuela e Estados Unidos vêm apresentando, são os favoritos. Aliás, os norte-americanos estão com todo o time titular atuando na Europa, o melhorou muito o nível técnico deles, que era considerado inferior ao nosso e hoje, pode-se dizer, está até superior.
E o que motiva isso? As contratações dos clubes brasileiros que, cada vez mais, pegam atletas medianos dos países sul-americanos, enquanto as grandes estrelas vão para a Europa. Fora isso, nossos jovens estão indo cada vez mais cedo para o Velho Continente, casos de Endrick e Estavão, do Palmeiras, já negociados antes mesmo de completarem 18 anos.
Por falar no futebol nacional, Fluminense, Grêmio e Corinthians precisam abrir o olho, pois a chance de brigarem pelo rebaixamento é grande. Os tricolores principalmente. Enquanto o Grêmio ainda vem abalado pelas catástrofes no Rio Grande do Sul e, como jogos a ser disputados, tem mais oportunidades de escapar desta briga na parte de baixo, o Fluminense vem fazendo a pior campanha de uma equipe na história dos pontos corridos. A demissão de Fernando Diniz já estava fadada, mas faltava coragem da diretoria, que a fez depois da derrota no Fla-Flu. As contratações este ano foram equivocadas e Diniz não soube, com o elenco deste ano, formar um time capaz de manter o nível de atuação do ano passado. A principal carência do Fluminense hoje está na saída de bola entre a defesa e o meio de campo. Nino vinha fazendo isso bem, mas foi vendido e não achou outro zagueiro no elenco com igual categoria. Assim, começaram as improvisações e, consequentemente, a queda de rendimento do time. Marcão terá uma missão difícil, de fazer campanha de time campeão nas rodadas que faltam, para, no mínimo, disputar uma vaga na Sul-Americana.
Antes das pérolas, nossa imprensa cada dia mais impressiona. Juventude venceu com autoridade o Flamengo em Caxias do Sul e, ao invés de falar dos méritos do time gaúcho, buscaram justificativas pela derrota da equipe carioca, como os desfalques pela Copa América, a condição do gramado etc. Ora, o campo era o mesmo para os dois e a dificuldade foi igual! Arrascaeta e De La Cruz podem ter um passe e uma visão de jogo melhor que os reservas, mas isso não tira o mérito do esquema montado pelo Roger Machado, que até foi elogiado por Tite na coletiva. Futebol são 11 contra 11! Os jornalistas precisam aprender de vez a valorizar os vencedores e não os perdedores!
Pérolas da semana
1 - “Defesa pesada, no esquema 4-2-3-1, com elenco moldado e visão convencional, definindo uma tropa de choque (chama a PM)”.
2 – “Pegou a segunda bola (só tem uma em campo!), povoando para quebrar as linhas de 5 e de 4, despegando o lançamento para fora”.
3 – “Características e modelos de jogo autorais, potencializando o balança ofensivo por dentro, atacando os espaços, trazendo a ala esquerda por dentro, apostando no jogo aéreo (vou chamar os astronautas para me socorrer)”
4 – “Recorrer ao pé de ferro (bola dividida), disputar o espaço, duas linhas de 4, não encaixou o lance, com a bola continuando viva (ela morre?), propondo o jogo”.
5 – “Time intenso, fechando de fora para dentro, como um losango (chamem os matemáticos para explicar melhor isso!), incomodando no duelo físico e tirando o pé do acelerador”.
6- “Puxar a conta para cima (chama o garçom para ajudar no cálculo), gerando a entrada pelo corredor, desacelerando a partida no 4-2-3-1 (sigo não entendendo lhufas), sentando em cima da vantagem”.
7 – “Entrar pela diagonal, chamando o ala para dançar (alô bateria, dita o ritmo aí!), escolhendo o ponto posicional, com lateralidade, virando a chave (vou chamar o chaveiro para abrir a tranca)”.
8 – “Vantagem numérica, escolhendo entre empurrar ou não o adversário para trás, colocando dois agudos falsos 9 pesados” .
9 – “Último terço do campo, tendo molho e manga na cara, e vai no X-1, tentando driblar o lateral”.
*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).