O Brasil 'investe' mais em política do que em esporte

Por Paulo Cézar Caju*

Caio Bonfim conseguiu a prata inédita na marcha atlética

Geraldinos, antes de iniciarmos a falar propriamente de futebol, vamos começar a coluna exaltando os nossos heróis olímpicos. Sim, eles são heróis, de fato. Não fazendo demagogia ao termo olimpíada, que remete ao Olimpo, onde ficavam os deuses gregos. Eles merecem esse título por trabalharem duro e remendo contra a maré, pois, um país que tem 220 milhões de habitantes e é um dos cinco maiores do mundo em extensão territorial não pode ganhar apenas três medalhas de prata e três de bronze, sem nenhum ouro conquistado. Há de se ressaltar que muitas delas são inéditas, como da equipe de ginástica feminina de da marcha atlática de 20 km. Mesmo assim, dizer que "bronze é ouro", não é digno de um país da magnitude que muitos sonham ou pensam ser.

Se formos parar e pensar o quanto que se investe em esporte no país e o quanto se gasta com os políticos, é quase um Grand Canyon de diferença. A Câmara Federal tem 513 deputados, com cada um tendo, em média, de cinco a dez assessores. Multiplica o salário de cada um e veja quantos milhões são orçados para o sustento deles? Agora, multiplica mais ainda, com o que se gasta nas Assembleias Legislativas estaduais e nas Câmaras Municipais? Ou seja, o Brasil, que tanto se fala de potência, só se for em gastância pública!

No dia em que, realmente, o esporte for considerado prioritário ou tiver o reconhecimento que merece, certamente teremos mais medalhas e podemos fazer jus aos 220 milhões de habitantes que temos e o quinto maior país do mundo em extensão territorial.

Voltando para o futebol, a arbitragem está cada vez pior. O gol anulado do Corinthians, por um dedo do pé, pelo VAR, é algo que muitos podem dar e outros não. No mesmo jogo, a entrada de Raniele em Villasanti ter sido revisada pelo árbitro de vídeo também diz como o juiz em campo virou muleta da tecnologia. E o Alvinegro de São Paulo quase ganhou, com um a menos, provando que o Grêmio precisa evoluir muito para sair da zona de rebaixamento.

Flamengo e Palmeiras é um caso a parte. O jogo em si provou que uma equipe está em um momento melhor do que a outra, mas os treinadores são um caso à parte. O filósofo Tite, com suas frases de efeito que ninguém entende e o ranrinza do Abel Ferreira, que poderia muito bem ser o zangado da Branca de Neve. Ouvir as coletivas dos dois é algo lastimável para o bom futebol que prezo.

E o Fluminense, que, com Mano Meneses, está no estilo de Zezé Moreira, de 1950: "1 a 0 é goleada". Isso me fez lembrar o tempo que meu pai era técnico do Botafogo e o Fluminense tinha um grande time, com Castilho; Jair Marinho, Pinheiro e Altair; Edmilson e Clóvis; Maurinho, Paulinho, Waldo, Telê e Escurinho. Mas sempre vencia de placar magro, pois o principal eram os três pontos e a vitória.

Por falar em Botafogo, a Estrela Solitária que se cuide, pois essa oscilação pode remeter os torcedores ao que aconteceu ano passado, com o time subindo e depois descendo. Time bom luta pelo título até o fim, e não despenca na tabela!

Vamos as pérolas da semana, rir um pouco das asneiras desses analistas de computadores

1 - "Atacar a primeira linha, tentar incendiar o jogo (chame os bombeiros para contê-los), dando tapa na cara ou na orelha da bola (basta! bola não tem vida! não tem face, e sim gomos!)"

2 - "Focado e consistente, lendo a cartilha, com associação de identidade, mas não encaixou, sem amassar ou espetar o adversário (tem que sair não para ver quem é melhor)".

3 - "Primeira página da prateleira e fez uma janelaça (conseguiu contratar jogadores medianos)".

4 - "O falso 9 está acostumado ao espaço largo e desconfortável (tem que mudar de profissão)".

5 - "Time simétrico ou abrir o espaço assimétrico, com o pacote todo da transição, negociando o empate com o adversário (coisa ridícula, absurda!)".

6 - "Time tem escorregado na hora de encaixotar, povoando e fazendo o desencaixe por dentro, com outro modelo de jogo (vou contratar um estilista de moda para dar um jeito), jogando direto e propondo"

7 - "Amassar o adversário, encaixar e agredir os outros, fazendo jogo desconfortável, com time na vertical, com o terceiro zagueiro tirando o picolé da boca dos jogadores, volantes robustos e linhas próximas". (basta de asneiras!)

8 - "Atacar a área, gerando volume do jogo por dentro e batendo na porta do primeiro pelotão".

9 - "Tem que virar a página e distribuir o jogo por dentro ou dentro para fora". (sai do campo, vai jogar na geral ou na arquibancada!)

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).