Por: Paulo Cézar Caju*

Jogador brasileiro é muito "mi-mi-mi"

Confusão no Flamengo e Corinthians | Foto: Reprodução

Geraldinos, estamos na semana de Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 e até agora não me vejo com ânimo ou vontade de assistir os jogos contra Equador e Paraguai. Danilo, Marquinhos, Éder Militão não são jogadores para vestir a Amarelinha. E essa nova equipe, de Dorival Júnior, é mais do mesmo das anteriores. Parece até que quem escala o Brasil são os empresários. Giuliano Bertolucci , por exemplo, agencia vários jogadores que estão sendo convocados com constância pela Seleção. Ou seja, o dinheiro fala mais alto do que a qualidade técnica dos jogadores, algo que, no meu tempo, era impensável.

Falando na minha época de jogador, essa história de migué e contusões por desgaste físico pela maratona de jogos era algo praticamente proibido. Todos queriam atuar e faziam treinos e jogos em alto nível. Quando tínhamos nossas férias, éramos convidados a fazer excursões pelo mundo. Lembro de várias no México, onde era uma luta chegar, a ponto de dormirmos de terno e gravata nos aeroportos. Fora a maratona de jogos no México e em países vizinhos, como Guatemala, Honduras e El Salvador. E depois disso tudo, ainda jogávamos Carioca, Taça Brasil e torneios sul-americanos. E quem disse que ficávamos cansados, exaustos e fazendo cera no departamento médico? Contusão era sinônimo de reserva. Hoje, ficar no departamento médico por uma dorzinha qualquer é algo comum e, mesmo a recuperação sendo longa, o jogador volta com status de titular e sendo ovacionado pela mídia.

E por falar em mídia, o que estão fazendo com o meu Botafogo é algo quase criminoso. Só porque a SAF de Textor está dando resultado, depois de um pífio Brasileirão ano passado, já estão querendo impor limites e menosprezando o trabalho do empresário no clube. Ele pode não entender nada de futebol, mas de negócios, sim, e é isso que ele faz com os clubes dele, seja Botafogo, Crystal Palace, Lyon ou Molenbeek. O principal, para Textor, é manter os clubes na primeira divisão de seus países, para capitalizar dinheiro com a venda de jogadores e patrocínios robustos, para quitar os investimentos feitos. O programa do Marcelo Barreto, no Sportv, é um que volta e meia critica a SAF do Botafogo. Fora os da ESPN, que só falam de Corinthians e Palmeiras metade dos programas e o resto do tempo dos demais clubes.

Seguindo em SAF, como o Vasco está sobrevivendo sem a sua? Será que há pessoas no grupo político ligado a Pedrinho, atual presidente do Cruzmaltino, investindo no clube? Um mistério isso.

Outro mistério, aliás, é a inércia da justiça esportiva brasileira. Um dos mais tradicionais times da França, o Bordeaux, cuja região é famosa pelos melhores vinhos do mundo, foi rebaixado para a quarta divisão nacional por dívidas e por não ter o mínimo de verba necessária para bancar os custos do clube nas divisões superiores. Está praticamente quebrado. Se isso vier a acontecer no Brasil, é um milagre! Aqui, o jogador é julgado e depois ganha efeito suspensivo e a pena é revertida em doações de cesta básica. E o clube? Em nada acontece. Ou seja, enquanto não mudarmos essa filosofia, o futebol brasileiro não vai adiante, e só retrocede.

Antes das pérolas, queria falar da falta de educação dos nossos jogadores e técnicos, mais uma vez. O que aconteceu no Flamengo e Corinthians foi vergonhoso. Parece que, enquanto os técnicos e os dirigentes ficaram passando a mão na cabeça dos jogadores que fazem palhaçadas em campo, nada será modificado. Multas pesadas nos salários podem ser uma boa solução para os atletas pensarem três vezes antes de agir assim.

Pérolas da Semana

1 - "Mudando de patamar, para o andar de cima da prateleira (de qual gôndola do mercado?), quebrando os espaços ou mordendo (chama os cachorros) ou espetando (chama o churrasqueiro) o adversário com falso 9 ou atacante agudos"

2 - "Virada de chave, bola que entra por dentro do corpo (jogador virou mágico ou ilusionista?), baixando a intensidade e diminuindo a intensidade do jogo"

3 - Volantes verticais ou verticalizados, amassando e agredindo a bola, pelas beiradas do campo" (entenderam algo, Geraldinos?)

4- "Qualificar o jogo, com jogada em três dedos, espetando o adversário e dando amplitude ao lado"

5 - "Bola chutada ou chapada em direção ao adversário" (machuca ou segue machucando os outros?)

6 - "Times com intensidade, o jogador rende mais quando vem de fora para dentro"

7 - "Não deu para ver a placa do adversário (jogador virou carro ou moto), levantou com um carrinho, descavando após um carrinho o jogador e a bola"

8 - "Entrou em campo para ser a válvula de escape e reformar a altura do seu time (de basquete?), com seu 1,90 metros, fazendo a beirada do campo com intensidade e resistência, quebrando as linhas do adversário"

9 - "Jogador que vinha na diagonal, após um passe na vertical, fechando as portas (chame o chaveiro para trocar a fechadura) e amassando o adversário (pede ao cozinheiro o espremedor de batatas para isso)"

*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).