Por: Paulo Cézar Caju*

Luiz Henrique é meia armador!

Luiz Henrique foi importante no jogo contra o Peñarol | Foto: Vítor Silva/Botafogo

Geraldinos, antes de mais nada, estou muito feliz com a vitória do Botafogo. Porém, a classificação não está totalmente garantida, mas um bom passo foi dado rumo a Buenos Aires. Antes de falar propriamente do jogo, não posso deixar de citar a confusão na praia do Recreio dos Bandeirantes na manhã da partida. Não sei o que foi pior, o despreparo da polícia militar ou a polícia federal permitir que esses ônibus atravessassem a fronteira, mesmo sendo de torcedores do Peñarol.

Há um mês, mais ou menos, um torcedor do Flamengo foi morto pela mesma torcida que estava aqui, na quarta-feira, dia 23 de outubro. Será que a nossa polícia não aprendeu que eles deveriam ter sido escoltados o tempo todo ou nem entrado no país, diante do que fizeram no duelo contra o Flamengo? E isso é algo recorrente. Sai governo e entra governo e ninguém tem um simancol em impor regras contra esses baderneiros. A torcida do Pañarol é igual a do Boca: a maioria de bandidos. Não podem entrar no país sem escolta! Lamentável o incidente e lamentável também o despreparo da PM em conter a torcida. Não estavam preparados para a situação.

Falando do jogo em si, John salvou o Botafogo em dois lances, nos quais o Peñarol poderia abrir o marcador. O primeiro tempo do Botafogo foi mais cauteloso, mas fez a torcida passar algum sufoco na arquibancada. E aquilo que o comentaristas andam dizendo que Artur Jorge mudou o posicionamento de Luiz Henrique em campo, vou frisar, mais uma vez: quando eu o vi iniciar a carreira, no juniores do Fluminense, já sabia que ele seria um ótimo meia armador e não um ponta de lança, como muitos acham que ele é. O passe que ele dá para o Savarino no primeiro gol é típico de um meia que sabe conduzir bem a bola e tem visão de jogo.

Cinco a zero é uma boa vantagem, mas o jogo da volta será catimbado demais, com os jogadores do Peñarol falando muito nos ouvidos dos botafoguenses, para tirar alguém do sério e provocar uma expulsão. Fora a torcida, que, com os acontecimentos no Rio de Janeiro, podem replicar isso nos torcedores do Botafogo. Não será um jogo fácil nem dentro nem fora de campo, por tudo o que aconteceu no Recreio dos Bandeirantes e no Engenhão.

Antes das pérolas, não posso deixar de citar o futebol brasileiro. Por coincidência, antes do jogo do Botafogo, acabei me encontrando com Artur Jorge em um condomínio na Barra da Tijuca. Um português alto astral e bem simpático. Não por menos, sua postura em campo é serena e tranquila, diferente de outro brasileiro que admiro muito, mas que precisa aprender com ele como se portar na área técnica: Fernando Diniz. Depois que o Lanús empatou o jogo, o que ele falou de palavrões foi algo estarrecedor e impróprio em por aqui. O seu destempero no gramado é refletido nos jogadores, que entram com adrenalina lá em cima e acabam cometendo faltas desnecessárias e ficam nervosos em campo. Às vezes acho que o psicólogo precisa fazer terapia para se entender melhor...

E não posso deixar de falar do Fluminense, que, mesmo com um gol chorado, conseguiu respirar na competição. Mesmo assim, é duro assistir esse time do Mano Menezes. Essa história de "1 a 0 é goleada" vai matar algum tricolor de ataque cardíaco, pois ninguém consegue aguentar ficar mais de 40 minutos com um time recuado e outro atacando. Sorte que os jogadores do Athlético-PR não foram competentes e Fábio salvou o Fluminense. Caso contrário, seria mais um jogo empatado ou perdido por essa teimosia do Mano em recuar o time toda vez que fica à frente do marcador.

Pérolas da Semana

1 - "Trabalho autoral, adquirindo uma identidade, encaixando as peças que tem"

2 - "Tapa na orelha (gomos, a bola não tem face!) da bola na diagonal, fazendo uma boa leitura (visão, ninguém lê o jogo e sim olha!) de jogo"

3 - "Jogador de outra prateleira (de qual andar da gôndola do mercado?), cara experiente, colocando a engrenagem (time virou relógio) para funcionar, sendo construtor da jogada"

4 - "Linha baixa, dando a bola para o adversário (como assim!), fazendo a linha de cinco, com o jogo por dentro, com esquema em losango (alguém explica isso?), para abrir o campo (só asneira!)"

5 - "Time que não se encaixa, fazendo outra linha de três, sentando em cima das questões (não entendi nada!)"

6  - "Treinador que lê (enxerga) o jogo, com linha de cinco atrás, fazendo uma marcação encaixada"

 *Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).