Geraldinos, o Botafogo se classificou para a primeira final da Libertadores, mas foi difícil. Como eu disse, tudo poderia acontecer no jogo da volta. E muito foi por conta do próprio Botafogo.
Na minha época de jogador, como já falei aqui, não tinha essa de poupar. Jogávamos todas as competições: Taça Guanabara, Carioca, Taça Brasil, Rio-São Paulo e excursões internacionais. Sempre com o mesmo time. Não tinha essa história de poupar por risco de contusão ou cartão. E esse foi o grande mal do Botafogo no jogo no estádio Centenário. O time entrou em campo sem um camisa 10 que pudesse armar a equipe. Não jogou arrumado taticamente e quase viu a vantagem e a vaga para a final ir para o Peñarol. Titulares e reservas precisam treinar juntos e jogar juntos, para que o substituto entenda a função que deve fazer em campo. Em 1968, por exemplo, quando eu jogava no Botafogo, Gerson se machucou num jogo e foi substituído por Afonsinho, na final da Taça Guanabara. Por mais que um não tenha o nível tático do outro, ambos sabiam o que deveria ser feito. E isso faltou ao Botafogo.
Flamengo e Internacional fizeram um jogo onde um foi melhor do que outro em cada tempo e o empate foi o melhor placar do duelo. O Flamengo atuou melhor no primeiro tempo, abriu o marcador e poderia ter feito mais. O Inter, no tradicional estilo gaúcho, fez um segundo tempo de correria e conseguiu empatar o jogo. Um resultado ruim para os dois.
O Vasco, mesmo com as suas limitações, conseguiu abrir 3 a 0 contra o Bahia, que conseguiu fazer 3 a 2 e só não empatou o jogo porque o atacante não aproveitou uma oportunidade clara de gol e chutou para fora. O Cruzmaltino não cai para a série B, mas terá que fazer uma boa peneira para mudar o elenco para a próxima temporada.
Para finalizar, o Fluminense, que faz um jogo de seis pontos contra o Grêmio. Vencendo no Maracanã, consegue subir na tabela e se afastar da zona de rebaixamento. Perdendo, fica mais próximo de cair para a segundona. Um jogo onde a escola gaúcha estará à tona, com Mano Menezes e Renato Gaúcho. Ou seja, a chance do Grêmio fazer um segundo tempo de correria é grande e o Fluminense precisa abrir o olho com isso.
Antes das pérolas, três assuntos. O primeiro, essa arbitragem brasileira, que está cada vez pior. Tivemos três juízes afastados por erros em Vitória e Fluminense; Flamengo e Juventude; e Palmeiras e Fortaleza. Só que não adianta afastá-los por algumas rodadas, fazer a tal "reciclagem" e colocá-los de volta ao quadro de sorteio. Eles vão repetir os mesmos erros. Precisa fazer uma reciclagem em quem comanda o futebol brasileiro, para que esses erros não venham a ser cometidos. Fora isso, a imprensa também colabora, pois, nas coletivas, ninguém pergunta sobre os erros à favor do clube, sempre contra. Os pênaltis para o Palmeiras foram escandalosos, assim como do Flamengo, mas ninguém fala sobre isso...
O segundo assunto, sobre a morte do pianista Arthur Moreira Lima. Eu vi alguns concertos dele enquanto estava na França e nos esbarramos numa excursão da Seleção na União Soviética. Tricolor de coração, gostava de futebol e tive boas conversas com ele. Uma perda grande para a música e para a cultura brasileira.
O terceiro, essa lenga lenga da imprensa em relação a Vinicius Júnior. Parece que ele é o único negro que está sendo discriminado no futebol...Como negro, isso está ficando algo enjoativo e muita forçação de barra. Há outros jogadores negros na Espanha, Alemanha, Holanda que também sofrem racismo, mas que não estão vindo à tona, porque o assunto Vini Jr ofusca tudo, pela midiatização.
Pérolas da Semana
1 - "Escalar a montanha para tentar ganhar o jogo (jogadores viraram alpinistas)"
2 -"Ser mais agudo, mais centralizado, com intuição construtiva, tirando o time das cordas do ringue (jogadores viraram boxeadores)"
3 - "Mudar o contexto da partida, fazendo um losango e mais centralizado, mudando o desenho do time, com mais encaixes, atacando as costas do adversário"
4 - "Girar os espaços, com os jogadores mais espetados (chama o churrasqueiro para trazer o espeto), com jogo mais vertical, com intensidade confortável e consistência fora da curva (de qual pista do circuito?), chegando à linha de fundo"
5 - "Chapou na orelha da bola, com ela indo para a bochecha da rede" (sem comentários)
6 - "Jogo protocolar, mantendo a identidade e virando a chavinha para abrir a porta (chama o chaveiro para abrir), quebrando a primeira linha com um tapa curto"
7 - "Jogo pegado, amassando o adversário, atacando a bola, aproveitando a gordurinha"
8 - "Jogador dando fatiada na partida, com o time na vertical e vindo por dentro (de onde?)"
9 - "Saber sofrer na partida, atacando os espaços (você domina um jogo com harmonia nos três setores: defesa, meio-campo e ataque)"
10 - "Gestão agressiva, lucidez mastigada, potencializando os atacantes agudos, com assistências ou passes"
*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).