Geraldinos, acho incrível como um jogador pode fazer tanto sucesso, a ponto de ser o principal assunto nos programas esportivos. O que o atleta Gabriel Barbosa, mais conhecido como Gabigol, tem de tão espetacular? Só porque ele vai trocar o Flamengo pelo Cruzeiro na próxima temporada acaba sendo a notícia do momento no futebol, que não existe outra mais relevante? As resenhas todas na televisão dedicaram grande parte dos seus horários para comentar sobre esse assunto, quando temos outros temas mais importantes para discutir. Isso só prova como estamos carentes não apenas de bons jogadores, como também de ídolos, pois se ele é considerado um ídolo no Flamengo, para essa geração atual de jovens, eles não sabem quem foram os ídolos de verdade, como Zico, Falcão, Ademir da Guia, Tostão, entre outros.
Um assunto que muito bem poderia ter sido explorado nos programas é essa CBF, juntamente com a Seleção Brasileira. Faço um desafio a você, leitor, em escalar o time titular que enfrentará a Venezuela, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo 2026. Será que sabemos os 11 na ponta da língua, como as seleções de 1970, 1994 e 2002, do tri, tetra e penta, respectivamente? Isso só prova como o futebol brasileiro está cada vez mais se apequenando e ficando mediano. Talvez nos classificamos para a próxima Copa do Mundo por terem sete vagas - seis diretas e uma pela repescagem. Caso contrário, nem iríamos para os Estados Unidos, México e Canadá.
Quanto à CBF, uma lástima esse calendário chancelado pelas federações para 2025, com o Brasileirão começando no fim de março e a última rodada sendo em 21 de dezembro, às vésperas do natal. Como pretexto para isso, o Mundial de Clubes, que contará com quatro equipes nacionais: Flamengo, Palmeiras, Fluminense e Botafogo ou Atlético-MG. Além disso, a interrupção das Datas FIFA. Os estaduais vão começar em 12 de janeiro, ou seja, nem teremos uma boa pré-temporada para os clubes, já que as férias vão começar dia 9 de dezembro, com os atletas voltando em 9 de janeiro. Uma verdadeira confusão, para não dizer algo pior, que estão fazendo com os jogadores. Em relação a eles, será que a classe está tão desunida assim que não reclama mais? Será que eles estão aceitando isso de boa? Foi-se o tempo em que os jogadores eram ouvidos...
Vamos falar dos clubes, que é melhor, ou menos pior. O Botafogo tem tudo para vencer esse Brasileiro. Está mais equilibrado e com um elenco melhor do que no ano passado. Porém, o técnico Artur Jorge não pode mexer na espinha dorsal do ataque, formada por Almada, Luiz Henrique e Igor Jesus. Esse trio está sendo fundamental para as vitórias e para a boa campanha que o time vem fazendo. Além disso, perder pontos para equipes como Criciúma e Cuiabá, que estão brigando na parte debaixo da tabela, também não é um luxo a se fazer, em um torneio tão nivelado, como é o Brasileiro. Por mais que os times joguem em um estilo mais retrancado, o Botafogo deve se impor e não se deixar levar pela marcação.
Outro time que também está se salvando e ficando na série A, pelo elenco que tem, é o Fluminense. Ganso e Árias estão sendo os protagonistas no ataque, com gols e boa visão de jogo, com passes magistrais. Os dois são os verdadeiros maestros ofensivos do time, com o zagueiro Thiago Silva fazendo a regência no setor defensivo. Desde que ele voltou, o Fluminense se recuperou no setor e tem tomado menos gols. E se na semana passada citei o Marcelo, nesta citarei o técnico Mano Menezes. A derrota para o Internacional, para muitos, foi a gota d 'água e que ele deveria ter sido demitido, para alguém assumir o elenco nesta reta final. Faltam cinco jogos, sendo três em casa, contra Fortaleza, Criciúma e Cuiabá, e dois fora, contra Athlético-PR, que também está brigando na parte de baixo da tabela, e Palmeiras. O Fluminense só cai se ele quiser, pois fazendo nove pontos no Maracanã e, pelo menos, um contra o Furacão, na Arena da Baixada, pode se safar da queda com 47 pontos.
Antes das pérolas, o Vasco da Gama. O clube pode ter se recuperado bem e não tem chance de cair, mas precisa se reforçar bastante para o ano que vem. Jogadores como Philippe Coutinho e Payet podem ter técnica e qualidade de bola, mas passam mais tempo no departamento médico do que em campo. O clube tem que voltar às origens e recuperar os talentos da base, para reforçar o elenco, e não apostar em veteranos ou jogadores de renome mundial.
Pérolas da Semana
1 - "Potencializar seu time, com ala mais intenso (que apoia mais), sem dar ferramentas (chame o mecânico para isso) para o adversário"
2 - "Leitura (visão) do jogo, com atacante agudo, entre os zagueiros"
3 - "Fez um rearranjo, com as jogadas sendo pelos corredores, encaixotando o adversário e o empurrando para trás"
4 - "Jogador entrou com o tanque cheio (onde se põe a gasolina no ser humano?), o colocando na beirada do campo"
5 - "Time subiu um degrau, sendo mais propositivo, potencializando os espaços na vertical, com ligação direta"
*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).