A disputa de ego na beira do campo
Geraldinos, acredito que o grande assunto ao qual devo iniciar a coluna desta semana venha a ser a rescisão do lateral-esquerdo Marcelo com o Fluminense. Ele e Mano Menezes, pelo que andei vendo, não se bicam desde o tempo em que o treinador fora da Seleção Brasileira. Ademais, o que apareceu na TV foi mais um duelo de egos dos dois. Não tem nada que comprove o que Marcelo disse, apenas o que foi noticiado pela mídia, mas, mesmo assim, foi uma frase infeliz. Já do lado do Mano, eu, como ex-jogador, não ficaria satisfeito em ser chamado para entrar faltando seis ou sete minutos, já contando com os acréscimos, para entrar em campo. Mesmo ele não querendo me por em campo, por algo que falei e que não gostou, provavelmente peitaria entrar, por já ter assinado a súmula, algo que Marcelo fora feito. Não se pode esquecer que o lateral fez uma carreira de altos e baixos no Real Madrid e que retornou ao Brasil pelo projeto do Fluminense. Contudo, o clube, para não por mais lenha na fogueira, resolveu fazer a tarefa mais simples: romper o contrato e o projeto feito com Marcelo.
Continuando no futebol carioca, o Botafogo, apesar da imprensa estar "secando", o clube está mais amadurecido e consciente do que passou ano passado e fez uma pela partida contra o Vasco, mesmo perdendo muitos gols, algo que o tecnico Artur Jorge precisa treinar mais com os seus comandados, mesmo com alguns já melhorando, como Savarino, Luiz Henrquie, mas Igor Jesus ainda tem que treinar mais.
Ainda no futebol brasileiro, vou falar dos times mineiros, em especial do Galo. A derrota na Copa do Brasil, ao meu ver, se deveu por falhas do goleiro Éverson em dois dos três gols. Um por ter espalmado o chute para o meio da área e o outro pela bola ter passado embaixo das pernas dele, mesmo sendo uma felicidade do atacante do Flamengo, mas ele poderia ter evitado se não saísse tão afobado na bola. Agora, mais do que o desânimo do Atlético, foi o técnico Gabriel Mellito se contradizer em entrevistas, dizendo que o Galo tem duas equipes e pode muito bem priorizar duas competições. Mais uma vez, não existe essa história de poupar jogador ou ter time alternativo. Existe um plantel de 11 titulares e outro de 11 reservas e todos devem estar em sintonia, treinar juntos e saber bem o que fazer em campo. Na derrota para o Atlético-GO, o grande destaque foi o terceiro goleiro, que evitou uma goleada. De novo, na minha época, jogávamos todas as competições e se machucasse, outro entrava no lugar, podendo ele virar titular e eu reserva. Então, não se pode montar um elenco com todos sendo iguais, e sim com titulares e reservas e todos brigando para estar em campo.
Já em relação ao Cruzeiro, Fernando Diniz terá trabalho para mudar a mentalidade e impor seu estilo de jogo no time. O elenco tem muitos jogadores jovens mascarados, que acham que jogam bola, mas ainda estão aquém do que imaginam. Diniz terá uma dor de cabeça para, primeiro fazer seu estilo de jogo, de toque de bola, entrar na cabeça desses meninos, para depois, usar o seu psicológico e fazer eles entenderem o jogo coletivo. A diretoria aposta nessa ruptura, mas sabe que terá que dar muito respaldo ao treinador neste início de trabalho.
Para encerrar esse giro nacional, Abel Ferreira e suas coletivas. Se ele fala dos deméritos do Palmeiras no jogo e esquece do adversário, pode estar fazendo até uma mea-culpa pela derrota. Se o time criou chances de gol e desperdiçou, deveria treinar mais fundamentos de finalização com os seus atacantes. Isso diz como falta harmonia nos três setores - defesa, meio e ataque - e como os jogadores ainda precisam treinar mais passe e chute no dia a dia. Além disso, citar a falta de segurança no estádio na hora de revistar os torcedores, pois um corintiano conseguiu entrar com uma legítima cabeça de porco e a jogou no gramado. Pobre dos outros torcedores que tiveram que aguentar o cheiro...
Antes das pérolas, não posso deixar de citar as zebras da Liga dos Campeões da Europa. A goleada do Sporting, mesmo jogando em casa, contra o Manchester City, foi surpreendente, assim como o Bayer Leverkusen perder para o Liverpool de 4 a 0. Outro resultado foi o Atlético de Madrid vencer o PSG, em Paris, por 2 a 1, e o Milan triunfar diante do Real, em Madrid, por 3 a 1.
E o meu time francês, o Olympique de Marseille, brigando pela liderança da tabela, perdeu para o PSG, atuando em casa, fazendo o time de Paris chegar aos mesmos 10 pontos e ficar na liderança da Ligue 1, junto com o Olympique e o Monaco.
Pérolas da Semana
1- "Falso 9 agudo, sendo uma alternativa consistente e pesada"
2 - "Time encorpado, fazendo a transição por dentro, mudando o patamar e subindo de prateleira"
3 - "Chapou (Chutou) a orelha (gomos) da bola de três dedos"
4 - "Ligação direta (chutão pra frente), dando uma fatiada na bola (vou pegar o facão para cortá-la)"
5 - "Conduzindo a bola pelos corredores (laterais) no campo, fazendo o encaixe necessário para o ataque"
6 - "Os dois times com o pé embaixo, fechando a porta, empurrando o adversário para trás"
7 - "Jogador entrou com o tanque cheio para atacar o rival na linha de dentro, quebrando a marcação"
8 - "Usar o corredor (de casa ou do prédio), fazendo uma linha defensiva de cinco jogadores"
9 - "Linha de 4, formando outro desenho em campo, potencializando o time"
*Ex-jogador de futebol. Fez parte da seleção do Tricampeonato Mundial no México em 1970. Atuou nos quatro grandes clubes do Rio (Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense), Corinthians, Grêmio e Olympique de Marseille (França).