Por: Rudolfo Lago

Correio Político | Esporte e Turismo: a política faz o país perder dinheiro

Do ramo: Ana Moser falava a língua dos seus pares | Foto: Divulgação/CBV

Ao assumir o Ministério do Esporte, Ana Moser tinha inicialmente um orçamento tão pequeno que não daria sequer para pagar a todos o Bolsa-Atleta, o principal incentivo esportivo do país, que varia de módicos R$ 370 a, no máximo, R$ 15 mil. No fundo, é um sinal do mesmo tipo de problema que ficou evidente no momento da substituição da deputada Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo. Setores com imenso potencial econômico ficam muitas vezes relegados por questões políticas. Em seu discurso de posse, o próprio Sabino mostrou-se impressionado com o fato de somente a Torre Eiffel, em Paris, receber mais visitantes estrangeiros que o Brasil inteiro. O Brasil é pródigo em belezas naturais e atletas.

 

Pentacampeão

Somente no futebol, são cinco títulos mundiais. O último, porém, já há mais de vinte anos. Na Fórmula Um, oito títulos. Mas hoje não há nenhum piloto brasileiro inscrito no campeonato. No vôlei de Ana Moser, cinco títulos olímpicos nas quadras e três na areia.

Dinheiro

No mundo, o esporte movimenta cerca de R$ 1 trilhão por ano. No Brasil, cerca R$ 52 bilhões. Não é pouco. Mas poderia ser mais. Mas a grande questão é: para quantos? E aí, retorna-se à questão da falta inicial de dinheiro para pagar o Bolsa-Atleta.

Neymar ganha R$ 34 milhões. A média do jogador é R$ 4 mil

Neymar e a média salarial do atleta brasileiro | Foto: Vitor Santos/CBF

De acordo com levantamento da revista Forbes, o camisa 10 da seleção brasileira, Neymar, é o 12º atleta mais bem pago do mundo. Ganhou em 12 meses R$ 419 milhões, o que dá um salário mensal de R$ 34 milhões. A média salarial do jogador brasileiro gira em torno de R$ 4 mil. Por incrível que pareça, a média feminina é um pouco maior: R$ 5 mil. Mas há 360 mil homens que são jogadores de futebol profissional. E somente 15 mil mulheres. Se essa desigualdade é a situação na principal e mais popular modalidade brasileira, imagine-se nas demais. Como dar de fato ao esporte o potencial que ele merece e pode reverter para o país?

Ações

No pouco tempo em que esteve à frente da pasta do Esporte, a ex-craque do vôlei Ana Moser trabalhou para criar políticas permanentes de alavancagem do setor. O Bolsa-Atleta, com verbas mais vitaminadas, por exemplo, teve recorde de inscrições de beneficiados.

Rede

Aguarda assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a criação da Rede de Desenvolvimento do Esporte, que estrutura redes regionais, de modo a interligar instituições, projetos e ações para aumentar a prática de esportes, desde crianças até a terceira idade.

Língua

Como ex-atleta, Ana Moser falava a língua dos seus pares. E não foi por acaso, portanto, que recebeu a solidariedade do setor. Caso notório foi a manifestação da Comissão de Atletas do Conselho Olímpico Brasileiro (COB). André Fufuca conseguirá manter esse trabalho?

Emendas

Seja no caso do Turismo seja no caso do Esporte, a alavancagem dos setores para que obtenham eficiência passa bem além da mera distribuição de verbas orçamentárias. É preciso haver políticas claras. Do contrário, as verbas se dissipam sem destino claro.

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