Por: Rudolfo Lago

Correio Político | PL vive dilema sobre o que fazer com Bolsonaro

PL tenta se preservar e preservar Bolsonaro | Foto: PL/Divulgação

As mudanças na comunicação do PL, reveladas aqui no Correio Político, refletem o dilema que vive o PL sobre o que fazer com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Por um lado, o partido ainda acredita no potencial de Bolsonaro, de sua mulher, Michelle, e do seu candidato a vice nas eleições passadas, general Walter Braga Neto, como puxadores de votos para as eleições do ano que vem. O PL tem um projeto de eleger mil prefeitos em 2024. Por outro, a intensificação das investigações que atingem Bolsonaro e Michelle e começam a esbarrar em Braga Netto incomodam ao partido, que não sabe como lidar com o problema. Foi por conta desse dilema que deixou a comunicação Douglas de Felice, após se desentender com a família Bolsonaro. E é já o segundo a sair por esse motivo.

 

Segundo

Antes de Douglas, já tinha deixado o PL o jornalista Vladimir Porfírio, que assessorava o partido quase desde a sua votação, ainda quando era presidido por seu fundador, o falecido ex-deputado do Rio de Janeiro Álvaro Valle. Porfírio já tinha sido demitido a pedido de Bolsonaro.

Linhas

Agora, as discussões se deram a partir de discordâncias na linha de comunicação, entre ter ou não uma estratégia mais ou menos vinculada a Bolsonaro e seu entorno. Bolsonaro prega uma comunicação mais fechada, com menos contato direto com jornalistas.

Silêncio para preservar os cabos eleitorais

Delação de Mauro Cid repetiria erros da Lava Jato | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Como vai ficando mais difícil fazer a defesa diante de cada fato novo, o PL optou por se fechar em copas para preservar seus cabos eleitorais. Tentativas de Valdemar de tentar defender seus puxadores de voto acabaram por vinculá-lo também aos casos, deixando-o exposto. Ele, por exemplo, tem de responder pela tentativa frustrada que o partido fez de contestar o resultado das eleições do ano passado. Ao mesmo tempo, o partido aposta numa possível vitimização de Bolsonaro na escalada das investigações. Isso mais a médio ou longo prazo. Aí, diante de uma constatação maior de eventuais abusos, seria o momento de voltar a falar.

 

Lava Jato

O que se comenta nos bastidores do PL é que determinadas ações agora, da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF), repetem erros da Operação Lava Jato. E podem gerar o mesmo tipo de perseguição, novamente de forma menos policial e mais política.

Delação

A estratégia, por exemplo, para tirar do ex-ajudante de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, uma delação premiada, repetiria as estratégias contestadas na Lava Jato: manter preso, desestabilizar psicologicamente, envolver outras pessoas da família.

Reversão

No caso da Lava Jato, quando esse tipo de atitude tornou-se clara, no jogo combinado entre Sergio Moro e os procuradores, tudo acabou por ser anulado, revertendo o quadro que acabou levando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de volta à Presidência da República.

STF

Uma diferença importante agora é o suposto jogo combinado ser já com a instância final, o Supremo Tribunal Federal (STF). Mas há quem avalie que, mesmo assim, isso pode gerar a possibilidade de um discurso de vitimização para Bolsonaro, mas no momento certo.

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