Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO: Não há como militares não serem indiciados pela CPMI

Eliziane foi a vencedora entre os senadores | Foto: Paulo Negreiros/Congresso em Foco

Após a revelação de trechos da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens do então presidente Jair Bolsonaro, já não há mais dúvidas que a CPMI dos Atos Golpistas colocará na sua lista de indiciados militares da ativa. Esse era um ponto comentado durante a cerimônia de entrega do Prêmio Congresso em Foco, na quinta-feira (21). A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), foi a grande vencedora este ano, na premiação que distingue a cada ano os melhores parlamentares do país. O próprio Mauro Cid é tenente-coronel. Dificilmente ficará fora do indiciamento também seu pai, o general Lourena Cid, envolvido na venda de joias dadas de presente a Bolsonaro. E agora o ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier.

 

Linha

O avanço sobre militares da ativa era uma linha que no início se temia ultrapassar. Mas o curso das investigações deixa clara a participação de alguns deles na trama de um golpe de Estado para contestar o resultado das eleições do ano passado, caso o vencedor não fosse Bolsonaro.

Forças

O receio em ultrapassar a linha, segundo se comentava no prêmio, foi ultrapassado em conversas com as próprias Forças Armadas. Depois das investigações que atingiram a família Cid, e o que veio depois, o Alto Comando começou a considerar que se desgastaria se fosse corporativo.

Entre militares, defesa da instituição, não de indivíduos

Sâmia venceu entre os deputados | Foto: Paulo Negreiros/Congresso em Foco

O que ficou acertado nas conversas que foram feitas entre a cúpula da CPMI e os militares é que o interesse das Forças Armadas era a defesa da instituição. Que a CPMI não concluísse para uma generalização, do tipo "O Exército fez isso". Mas a eventual conduta individual de militares, eles é que tratassem de se defender. Como disse uma fonte da CPMI, o interesse das Forças Armadas era "preservar o CNPJ". Quanto ao "CPF" de cada um, problema de cada um dos envolvidos, que responda pelos seus atos. Cenas de militares fardados confrontados com crimes e admitindo seus erros em delações premiadas constrangem os militares.

Bolsonaro

De que forma a CPMI, no entanto, chegará a uma eventual responsabilização do próprio Bolsonaro, ainda não está claro, e dependerá de outras investigações. A comissão considera que não pode errar no tom. Do contrário, poderá transformar o ex-presidente num mártir.

Sâmia

Se Eliziane venceu entre os senadores, entre os deputados a vencedora foi também uma parlamentar envolvida com CPI. No caso, Sâmia Bonfim (Psol-SP), e a do MST. Sâmia é autora de um relatório paralelo ao relatório oficial da comissão, do deputado Ricardo Salles (PL-SP).

MST

A CPI do MST começou com maioria oposicionista. Depois de uma mudança de integrantes, virou o jogo e agora a maioria é governista. O que fragiliza o relatório de Salles, que tenta criminalizar o MST, e dá chance de aprovação ao relatório paralelo de Sâmia Bonfim.

Batalha

Ao Correio Político, Sâmia disse ter dúvidas se conseguirá fazer aprovar o relatório paralelo. A prioridade seria derrotar o relatório de Ricardo Salles. Assim, há uma chance grande de a CPI do MST terminar em uma espécie de empate, sem conclusões e sem relatório.

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