Por: Rudolfo Lago

Correio Político | Disputa política conecta Brasil a Argentina

Anúncio vincula violência nas escolas brasileiras a Milei | Foto: Reprodução

Logo depois do trágico episódio na Escola Estadual Sapopemba, nesta segunda-feira (23), em São Paulo, quando um adolescente de 16 anos disparou tiros de revólver dentro da sala de aula e acabou matando uma colega de 17 anos, um vídeo começou a circular nas redes sociais argentinas. Nele, crianças entram na sala de aula e começam a tirar seu material escolar de suas mochilas. Então, uma dessas crianças retira de dentro dela um grande revólver prateado. O anúncio, então, diz que esse tipo de tragédia ainda não é comum na Argentina. Mas o risco existiria. "Na Argentina, graças a Deus, esta não é a realidade", diz o anúncio. "Mas poderia ser", continua. "Com Milei e sua proposta de venda livre de armas. Pense bem antes de votar".

 

Relação

Até pelo timing da publicação, logo depois do crime, a relação é clara. E se torna ainda mais clara porque essa é a segunda peça de campanha que tenta vincular Javier Milei ao ex-presidente Jair Bolsonaro, alertando para eventuais problemas que teriam surgido no Brasil.

Identificação

No domingo, antes do final das eleições, circulou um outro vídeo no qual as imagens de Bolsonaro eram fundidas às de Milei para reforçar semelhanças entre os dois. "No Brasil, este foi homem foi eleito, e foi um pesadelo. Argentina não precisa passar por isso".

Já direita, conecta Lula e o PT ao peronismo

O PT e a esquerda argentina: proximidades | Foto: Redes sociais

Se os grupos que se opõem a Milei adotam como estratégia vinculá-lo a Bolsonaro, os grupos conservadores na Argentina tratam de fazer o oposto, vinculando o peronismo, o movimento ao qual Sergio Massa é vinculado, a Lula, ao PT e à esquerda. Apontando, aí, que a chave da grave crise que a Argentina enfrente é fruto desse estilo de governo. Por isso, uma das plataformas de Milei é romper relações comerciais com o Brasil, porque afirma não desejar contatos com os princípios "comunistas" de Lula e do PT. Na prática, vincular os problemas econômicos ao peronismo faz sentido, uma vez que é o peronismo que hoje lá governa.

Ajuda

De fato, os lados brasileiros se envolveram na disputa. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) esteve em Buenos Aires acompanhando o pleito. E o PT enviou uma equipe para ajudar Massa, coordenada pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência Edinho Silva.

Relações

Independentemente das questões políticas e ideológicas, o resultado das eleições preocupa, uma vez que se trata de definir o futuro das relações entre dois países que são vizinhos, com uma balança de bilhões. A Argentina é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil.

Ciro

As comparações com o Brasil são tantas, que sobram até para Patricia Bullrich, a terceira colocada. A possibilidade de ela ficar neutra agora, tem feito com que os argentinos a comparem a Ciro Gomes, que evitou apoios no segundo turno em 2022.

Normal

No seu discurso no domingo à noite reconhecendo a derrota, Patricia não definiu quem apoiaria, mas deixou pistas ao dizer que "não cederia ao populismo". E se Milei tem ideias exóticas e estranhas, ela disse que a Argentina de hoje não seria "um país normal".

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