Por: Rudolfo Lago

Correio Político | Há chance de tributária não acabar em outubro

CAE vira o espaço das alterações na reforma | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O relator da reforma tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), tenciona concluir seu relatório no dia 18 de outubro, uma quarta-feira, para tentar colocar o projeto em votação no plenário na semana seguinte. Isso significaria a conclusão das discussões e dos trabalhos em duas semanas. No Senado, porém, não são poucos os que hoje duvidam dessa possibilidade. E muito menos que a reforma possa estar até o final de outubro concluída para ser promulgada. O texto que foi aprovado pela Câmara deverá sofrer diversas alterações. O que obrigará a uma nova rodada na Câmara. E, ao contrário de projetos de lei, propostas de emenda constitucional (PECs) não têm casa de origem. Se a Câmara alterar de novo o que fez o Senado, a PEC retorna de novo. E fica nesse pingue-pongue enquanto não se chegar a um consenso.

 

CAE

Inicialmente, o governo imaginou que poderia fazer a PEC tramitar apenas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tendo a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) apenas como um espaço de debates. Acabou não sendo assim. A CAE criou um grupo de trabalho.

Efraim

O presidente da CAE, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), designou Efraim Fiho (União-PB) como relator no Grupo de Trabalho e o grupo virou receptor de propostas de mudanças. Efraim deverá entregar uma proposta com emendas dos 54 senadores da CAE para Eduardo Braga.

Conselho Federativo está entre as prováveis mudanças

Efraim Filho sugerirá emendas a Eduardo Braga | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Efraim entregará as propostas de emendas como sugestão a Eduardo Braga. Mas, pelo peso que tem a CAE, dificilmente Eduardo Braga irá ignorá-las, até porque a CAE foi o espaço dos debates que aconteceram no Senado. Uma das mudanças mais prováveis diz respeito ao Conselho Federativo, o espaço que decidirá a forma de distribuição dos impostos recolhidos entre os estados. É possível mesmo que o conselho mude de nome. E certamente mudará a forma determinada na Câmara, de representação proporcional ao tamanho dos estados, o que dava mais poder a São Paulo na definição. O Senado deverá alterar essa proporcionalidade.

 

Sabatina

Uma outra ideia com relação ao Conselho é que a sua formação passe pelos mesmos critérios das agências reguladoras. Ou seja, que os nomes escolhidos tenham de ser sabatinados e aprovados pelo Senado, uma forma de dar mais peso à "Casa da Federação".

Regulamentação

Para além da própria PEC, boa parte da reforma tributária precisará de regulamentação, que seria feita por lei complementar. A Câmara imaginara ser a casa de origem dessas leis, o que lhe daria a palavra final. O Senado quer também modificar isso, para ter também peso.

Divisão

A ideia é que parte das leis complementares tenha origem no Senado. Uma forma de dividir essa decisão final a respeito da regulamentação. E também de garantir mais força aos estados menores, já que no Senado todos os estados têm o mesmo número de três senadores.

Pacheco

Os senadores escoram-se na mudança de postura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para conseguir imprimir mais mudanças. Como o Correio Político contou ontem, Pacheco está sendo pressionado a ser mais agressivo na defesa do Senado.

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