Por: Rudolfo Lago

Correio Político | Ativista LGBT reage: 'Não podemos voltar a 1935'

Toni: "Não podemos permitir esse retrocesso" | Foto: Reprodução/Redes sociais

Em 1935, após ascender ao poder na Alemanha, Adolf Hitler fez aprovar no Congresso mais de 30 novas legislações que tinham o propósito de perseguir a comunidade LGBT no país. Em 28 de junho de 1935, foi aprovada uma emenda à Constituição da Alemanha que dava base legal à perseguição nazista aos homossexuais. A emenda expandia a possibilidade de ação policial para reprimir "atividades criminalmente indecentes entre homens" qualquer ato considerado homossexual. "Foi pela comunidade LGBT que os nazistas iniciaram as perseguições que, ao final, levaram ao holocausto", afirma o professor e especialista em sexualidade humana Toni Reis, presidente da organização LGBTQIA Aliança Nacional.

 

Retrocesso

"Não é possível permitir esse retrocesso", continua. "Não podemos voltar à Alemanha de 1935". Toni Reis refere-se ao risco de proibição da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Há 12 anos, o Supremo Tribunal Federal garantiu o direito a esse tipo de união civil.

Religião

"Nunca foi intenção do movimento obrigar que tais casamentos aconteçam no âmbito religioso", ressalta Toni Reis. "Respeita-se, nesse caso, a posição de cada igreja, e não iremos mudar isso", continua. "A luta sempre foi pela possibilidade da união civil".

"Não seremos bucha de canhão nessa guerra"

Votação da união civil na comissão de Família | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Para Toni Reis, a decisão da Comissão de Família da Câmara, ao aprovar o projeto que proíbe a união civil, era mandar mais um recado ao Supremo Tribunal Federal (STF) dentro da reação conservadora que se deu no Congresso após os últimos julgamentos levados a cabo pela ex-presidente da Corte Rosa Weber. "Estamos assistindo a um debate raso entre o Congresso e o Supremo desde que Rosa Weber pautou o julgamento a respeito da descriminalização do aborto", observa Toni Reis. "O grupo conservador está usando a Casa para mandar recados ao STF. Nós não vamos aceitar sermos bucha de canhão nessa guerra".

 

Dois votos

Toni Reis avalia que já será possível reverter a decisão da Comissão de Família na próxima etapa, na Comissão de Direitos Humanos. Ali, ele calcula que poderá haver uma vitória com uma margem favorável de dois votos. Ele também avalia chance de vitória na CCJ.

Campanha

No dia 24 de outubro, Toni estará em Brasília com outros ativistas para trabalhar pessoalmente as próximas etapas. Segundo ele, será iniciada uma campanha junto a instituições da sociedade civil para evitar que avance o projeto e os direitos não retrocedam.

Organização

Toni reconhece que a própria comunidade precisa "se organizar melhor" para reagir a essa reação conservadora que se observa. "Nós relaxamos", avalia. "Vamos precisar nos capacitar, nos conscientizar e lutar por nossos direitos", considera o professor e ativista.

Direita

"Ninguém deve pensar que todos da comunidade LGBT são de esquerda", alerta ele. "Estamos trabalhando junto a conservadores, mostrando a eles que não podem abrir mão de seus direitos. Que cuidem para que o apoio a uma visão de mundo não se volte contra eles".

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.