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CORREIO POLÍTICO | SP: Padre Julio Lancelloti poderá ser alvo de CPI

Julio defendeu pastoral como atividade da Arquidiocese | Foto: José Cruz/Agência Brasil

Após o recesso, a Câmara Municipal de São Paulo deverá abrir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região da Cracolândia. O requerimento para a criação "com a finalidade de investigar as Organizações Não Governamentais que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia", como é descrito no documento, já colheu as assinaturas necessárias e foi protocolado na Câmara em dezembro de 2023. No entanto, isso não significa que a comissão será instalada: há uma fila de proposições de outras CPIs e o requerimento precisaria ser aprovado em plenário.

 

Foco principal

O autor da proposta é o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), um dos cofundadores do MBL. Ele colocou como foco principal a atuação do padre Julio Lancellotti, que desenvolve há muitos anos um reconhecido trabalho de cuidado com pessoas em situação de rua.

'Máfia da miséria'

Pelas redes, o vereador escreveu que o padre Julio Lancellotti e "muitos outros lucram politicamente com o caos instaurado na Cracolândia". "A CPI que estou instaurando vai investigar toda essa máfia da miséria que se perpetua no poder através de ONGs esquerdistas."

Arquidiocese se diz perplexa com possível comissão

Requerimento de abertura ainda precisa ser aprovado | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Arquidiocese de São Paulo informou, por nota, que "acompanha com perplexidade" a tentativa de abertura da CPI. A entidade religiosa questiona a coincidência dessa nova movimentação de Nunes, que é um dos fundadores do MBL, em um ano de eleições municipais. "Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral?". O padre Lancellotti se posicionou, por meio de nota, que as CPIs são legítimas, mas informou que não pertence "a nenhuma organização da sociedade civil ou organização não governamental que utilize convênio com o Poder Público Municipal".

Anielle Franco

"Todo meu apoio ao padre Lancelotti, que está sofrendo uma perseguição e a ameaça de uma CPI em SP. Como ele disse: "Quando você está do lado dos indesejáveis, você é indesejável também". Padre Júlio não está sozinho! Permanecemos do lado certo!", disse a ministra Anielle Franco.

Marina Silva

"Quando o compromisso social, o combate à pobreza e a dedicação aos menos favorecidos tornam-se alvos de ataques políticos, é momento de a sociedade pausar e refletir profundamente, onde estamos e para que tipo de abismo estamos indo?", escreveu a ministra Marina Silva.

Senival Moura

Representando a oposição, o líder do PT na Câmara, vereador Senival Moura, contestou. "Essa medida parece mais uma tentativa de cercear vozes críticas do que uma busca legítima por transparência. É um claro desrespeito ao trabalho social e humanitário desenvolvido pelo Padre"

Luna Zarattini

A vereadora do PT Luna Zarattini informou ter protocolado uma denúncia contra Nunes na Corregedoria da Câmara. "Acabamos de protocolar uma representação na Corregedoria da Câmara contra o vereador bolsonarista que tenta perseguir e atacar o padre Julio", disse.

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