Por: POR RUDOLFO LAGO

Correio Político | Dirceu e o alerta para o avanço da direita

José Dirceu | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pode hoje não ser voz ativa tão importante dentro do PT e do governo, depois de tudo o que aconteceu com ele após o julgamento do Mensalão. Dirceu foi cassado, condenado, preso. Hoje não tem cargos no novo governo Lula. Mas ainda é influente tanto no partido quanto no governo. No sábado (13), Dirceu deu entrevista para um podcast do PT. E alertou para o crescimento da direita. Um fenômeno que não é somente brasileiro. No podcast, Dirceu avalia que, na disputa nacional, "a direita está ganhando". Na sua avaliação, os partidos conservadores estariam hoje à frente do que ele chama de "disputa político-cultural". De fato, o quadro das primeiras pesquisas este ano projeta esse avanço.

 

Conservadores

No final do ano, primeiro levantamento feito pelo Correio com base nas pesquisas disponíveis mostra os partidos de centro e direita à frente da disputa pelas prefeituras. Onze candidatos identificados como de centro lideram. E outros 11 mais identificados como direita.

Nada de PT

O PT, por exemplo, não lidera em nenhuma das capitais. Há nomes de esquerda à frente de partidos aliados, como o PSB. E especialmente há o caso de São Paulo, a principal cidade brasileira, onde lidera, com o apoio do PT, o deputado Guilherme Boulos, do Psol.

Avanço de Trump também precisa ser observado

Nos Estados Unidos assistimos a algo de consequências planetárias: o retorno de Trump ao comando da nação mais rica e poderosa do planeta. | Foto: Isac Nóbrega/PR

No fim de semana, mais um nome do partido Republicano desistiu da disputa interna no partido para as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Desta vez, foi o governador da Flórida, Ron DeSantis. Seu argumento baseia-se no avanço do ex-presidente Donald Trump. Resta na disputa republicana agora a ex-embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU) Nikki Haley. Mas a avaliação que se faz é que a maioria dos ex-apoiadores de DeSantis deverá ir para Trump. Se a justiça não barrar a candidatura do ex-presidente (já há decisões de dois estados), há quem avalie que Trump poderá até não ter adversário na disputa no partido.

Republicanos

Toda essa situação movimenta por aqui os conservadores. O PL, já se sabe, tem planos de eleger mais de mil prefeitos. Agora, o Republicanos também começa a se mover. O partido tem planos de usar a senadora Damares Alves (DF) como cabo eleitoral.

Queda-de-braço

Parte do Republicanos quer se aproximar do governo. E Damares trabalhará na direção oposta. Na terça (22), ela divulgou nota em que nega que iria tirar licença do Senado para atuar na disputa municipal. Mas, na nota, ela reforça: ela escolherá nomes para apoiar.

Alianças

O Republicanos ainda não definiu a estratégia. Nem os nomes próprios que irá lançar. Mas trabalha alianças especialmente com o PL e o PP. Da mesma forma, Damares tentará tirar o PP de Arthur Lira (AL) dos braços do governo, pressionando por nomes de oposição à direita.

Jogo jogado?

Tudo isso significa jogo jogado para a oposição? Certamente que não. O governo Lula tem força. Além de São Paulo, trabalhará outros municípios. E tentará também inverter o jogo, trazendo para si aliados mais conservadores. Um exemplo: Eduardo Paes (PSD) no Rio.

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