Por: Rudolfo Lago

Correio Político | Ainda sobre drogas e outros temas: os "Sete Montes"

Culto na Câmara: política e religião | Foto: David Ribeiro/Câmara dos Deputados

Ao longo do tempo, o cristão perdeu o domínio sobre "Sete Montes". No momento em que Jesus Cristo está perto do seu retorno, é preciso reconquistar esses territórios para preparar a sua volta. Os "Sete Montes" são Família, Religião, Educação, Comunicação e Mídia, Arte e Cultura, Economia e Negócios e… Política e Governo. Esse é o resumo de algo conhecido como Teologia do Domínio ou dominiomismo, ou ainda reconstrucionismo. E é a base que explica a aproximação de determinados grupos evangélicos da política. E é também por onde se explica o crescimento da atual direita quando também crescem tais segmentos religiosos na sociedade. E porque cresceram as discussões sobre moral e costumes na política.

 

Compreensão

Para a cientista política Mara Telles, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), é a falta de compreensão de como cresce a associação entre religião e política o grande desafio da esquerda e do atual governo em seu diálogo com a sociedade.

Domínio

A Teologia do Domínio foi sugerida inicialmente por Rousas John Rushdoony, um pastor presbiteriano americano, na década de 1960. Tal ideia encontra terreno junto às igrejas neopentecostais, e explica boa parte do esforço político feito por tais denominações.

Conservadores nos costumes, conservadores na política

Michelle é identificada com os evangélicos | Foto: Alan Santos/PR

Como são conservadores nos costumes, mais naturalmente se associam aos conservadores na política. Enquanto não conseguem eleger os seus próprios, fazem alianças com grupos e políticos que mais se aproximam dos seus propósitos. Como parte da escalada para dominar o "Monte" da política. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, é católico. Mas suas posições políticas se aproximam das ideias desses grupos. O fato de sua mulher, Michelle, ser identificada com o que Bolsonaro chamava de "terrivelmente evangélica" explica o crescimento da sua popularidade. Os evangélicos crescem na sociedade.

Nem todos

Na década de 1960, declaravam-se católicos mais de 90%. Hoje os evangélicos são cerca de 30%. É importante entender que o mundo evangélico é muito diverso. Há mais de 50 denominações atuando no país. Boa parte delas não mistura religião com política.

Neopentecostais

Tal ideia está mais associada às denominações neopentecostais. Mas são elas que têm grande inserção junto à população mais pobre. E atuam ali muito fortemente. Retirando ali um espaço que no passado já esteve muito próximo de grupos ligados ao PT.

Libertação

Parte dessa proximidade dava-se pela aproximação com a Teologia da Libertação, na Igreja Católica. Mas esses grupos vêm perdendo espaço nas comunidades. E simplesmente produzir programas sociais não necessariamente reverte em votos para o PT.

Drogas

No caso da discussão sobre drogas, ela se associa diretamente às preocupações dos mais pobres, porque eles é que são mais diretamente afetados pela ação dos grupos criminosos. Se não encontrar o discurso exato para enfrentar tais temas, a esquerda perderá espaço.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.