Após a reunião de segunda-feira (3) com os líderes no Congresso e os ministros da articulação política, algumas fichas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começaram a cair. Ficou mais do que claro que sempre será uma batalha perdida aprovar qualquer tema da pauta de costumes diante do perfil altamente conservador do atual Parlamento. No que há convergência? Na economia, uma vez que a maioria dos deputados e senadores está alinhada aos mesmos interesses dos grupos econômicos. Assim, em vez de seguir dando murro em ponta de faca defendendo temas que serão derrota certa, o rumo pretendido agora é acelerar as pautas econômicas. Deverá haver alguma grita dos aliados de esquerda. Mas esses protestos Lula contorna.

Até porque esses apoios não há chance de Lula perder. Não há qualquer ameaça a ele pela esquerda. O que Lula precisa é estabelecer melhor relação com o Congresso. E ganhar votos mais ao centro e à direita, que também têm resistência à pauta de costumes.

No ano passado, Lula já conseguiu no campo da economia um feito histórico: aprovou uma reforma tributária que era ansiada há coisa de 40 anos. Se agora regulamentá-la estabelecendo de fato os novos impostos, deixará um legado importante de mudança para o futuro.

Outro foco importante estabelecido é a reconstrução do Rio Grande do Sul, destruído pelas enchentes. Lula voltará ao estado novamente nesta quinta-feira (6). Será a sua quinta visita desde o início do drama das enchentes. No caso, o entendimento é que isso poderá estabelecer um contraponto importante com adversários identificados com o governo anterior, de Jair Bolsonaro. Em episódios anteriores, quando era presidente, Bolsonaro não teria demonstrado a mesma preocupação, no entendimento de Lula e seus aliados. Quando houve tragédia semelhante na Bahia, por exemplo, ele manteve férias em Santa Catarina.

No 5o Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de Comunicação, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Octávio Costa, fez nesta quinta uma defesa da necessidade de regulamentação da profissão de jornalista. Essa é hoje uma luta da categoria.

A PEC 206, que torna obrigatório o diploma para o exercício do jornalismo, está parada na Câmara. Representantes da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) estiveram na quinta no Congresso. Há uma chance de discussão na próxima reunião de líderes.

Tratar da PEC na reunião seria um teste para medir suas chances quanto ao interesse dos parlamentares de fazer o tema tramitar. Uma outra questão envolve também os jornalistas: a remuneração do conteúdo jornalístico pelas plataformas nas redes sociais.

O tema estava no PL das Fake News quando era relatado pelo deputado Orlando Silva (PcdoB-SP). Acabou desmembrado, e agora tramita sozinho. Trazer o tema à pauta foi outro ponto tratado na quinta pelos representantes da Fenaj no Congresso Nacional.