Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Lira e Lula marcam triplo na Câmara

Nem Lira nem Lula querem apostar em perdedor | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Quem é mais velho viveu os tempos em que a Loteria Esportiva alimentava os sonhos milionários da classe média que hoje aposta na Mega Sena. A Esportiva permitia que o apostador, naqueles jogos de avaliação mais complicada quanto ao possível resultado, jogasse triplo. Diante do cenário incerto e das consequências de uma aposta errada na sucessão da Câmara no ano que vem, um observador privilegiado da disputa comentou ao Correio Político que tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), terminam o semestre jogando triplo. Não querem apostar suas fichas em alguém que saia derrotado. Assim, jogam triplo. E, talvez até, quádruplo ou quíntuplo nessa corrida.

 

Três

As festas que aconteceram nos últimos dias antes do recesso fizeram despontar os dois baianos na disputa, Elmar Nascimento (União) e Antônio Brito (PSD). Mas o capixaba com atuação em São Paulo Marcos Pereira (Republicanos) também está no páreo.

Outros

Todos os três, no entanto, têm problemas específicos para deslanchar suas candidaturas. O que, portanto, leva-se a não descartar também os outros dois nomes que correm por fora no páreo: o líder do PP, Dr. Luizinho (RJ), e Hugo Motta (Republicanos-PR).

Diante da incerteza, silêncio agora na aposta

Marcos Pereira também está no páreo | Foto: Câmara dos Deputados

Como já dissemos por aqui, a essa altura nem Lula nem Lira têm força suficiente para impor a vitória do nome da sua preferência. Um irá depender do apoio do outro. O que também significa que muito provavelmente não haverá uma disputa entre um e outro. Nem a hipótese de um vencedor que esteja contra Lula ou Lira. Assim, o que esse observador avalia é que tanto Lula quanto Lira ficarão em silêncio sobre quem de fato apoiarão até terem certeza de que o nome que declararão será o vencedor inconteste da disputa. Por isso, Lira foi às festas de Brito e de Elmar. Por isso, ministros de Lula também estiveram em ambas.

Lula

Tanto no caso de Lula quanto de Lira, a sucessão na Câmara significa demonstração de força. Lula quer ter agora uma correlação mais favorável a ele. Alguém cuja vitória dependa mais do seu apoio, para não ser tão refém quanto foi durante o período Arthur Lira.

Lira

Já Lira precisa de uma situação que mantenha o seu poder. Que não o jogue de volta à planície como alguém insignificante. Seu foco de desejo é a situação em que ficou no Senado Davi Alcolumbre (União-AP) após a eleição de Rodrigo Pacheco, forte para voltar depois.

Dilma

Para Lula, a experiência de Dilma Rousseff quando apostou errado em Arlindo Chinaglia (PT-SP) e viu Eduardo Cunha virar o presidente da Câmara de oposição que infernizou sua vida e produziu o seu processo de impeachment é uma lição para não repetir o erro.

Rodrigo Maia

Já o fato de Rodrigo Maia ter saído da presidência da Câmara e não ter conseguido ser eleito deputado depois é a experiência que Lira não quer seguir. Assim, se não conseguem sozinhos definir o resultado, Lula e Lira esperam o cenário ficar mais claro para cravar suas apostas.