Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Campo Grande e as divergências à direita

Acerto em Campo Grande contrariou Tereza Cristina | Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

É um bocado difícil de acreditar que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, cumpram à risca a proibição de se comunicarem imposta a eles pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Os dois trabalham lado a lado, separados somente pelas paredes das suas salas, na sede do partido em Brasília. No mínimo, ambos têm interlocutores que podem servir como intermediários na conversa. Por exemplo, a própria mulher de Bolsonaro, Michelle, que também tem sala próxima. Assim, certamente as ações políticas do PL não ocorrem sem acertos de ambos. Não é, portanto, por falta de comunicação que divergências no campo da direita acontecem, como as de Campo Grande (MS).

 

PP e PSDB

Ao final, o PL acabou fechando em Campo Grande apoio ao PSDB e a seu candidato, o deputado federal Beto Pereira. Abandonando o acerto que vinha sendo costurado pela senadora Teresa Cristina (PP-MS) em torno da reeleição da prefeita Adriane Lopes (PP).

Marinho

O acerto do PL com o PP teria sido derrubado pela intervenção do senador Rogério Marinho (PL-RN). Ele teria fechado o apoio local ao PSDB depois de uma visita do presidente regional dos tucanos, Reinaldo Azambuja, à sede do PL para conversas com Bolsonaro e Valdemar.

Todo cálculo regional é nacional também

Apoio a Beto Pereira aproxima PL de PSDB e MDB | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Quando uma decisão envolve os grandes líderes nacionais de um partido, ela não leva em conta somente os cálculos locais. A decisão de apoiar Beto Pereira contrariou o PP de Teresa Cristina e do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do partido. Mas nem um nem outro deixarão de estar ao lado de Bolsonaro e do PL nacionalmente. Ao passo que a costura pode angariar apoios do PSDB e também do MDB, partido que também fechou apoio ao PSDB, mesmo quando pesquisas apontavam liderança de um emedebista, André Puccinelli. O MDB é o partido do prefeito Ricardo Nunes, apoiado pelo PL em São Paulo.

Pesquisa

No final de abril, o Paraná Pesquisas apontava liderança de Puccinelli em mais de um cenário testado. Adriane Lopes vinha em terceiro, e Beto Pereira apenas em quarto. Quem aparecia em segundo era Rose Modesto (União Brasil), que tende a também disputar a prefeitura.

Sem MDB

Sem o MDB, é provável que Beto Pereira herde essas intenções de voto que eram de Puccinelli. Mas a briga na direita ali continua. Adriane e Rose disputam o apoio agora do ex-deputado estadual Capitão Contar, do PRTB. As convenções do PP e do União serão em agosto.

Direita

Projetando para 2026, todos esses movimentos apontam para as dificuldades com a dispersão à direita. Como já dissemos por aqui, sem Bolsonaro na disputa, quem é o herdeiro à direita é algo ainda não totalmente claro. E essa falta de clareza compromete cálculos.

Disputa

Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) disputam essa pretensão. E em torno dessa disputa, os dois partidos se movem. E junto movem-se outras legendas ao centro e à direita: PP, MDB, PSDB e PSD.