Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Em São Paulo, possível desgaste da polarização

Até onde apoio de Bolsonaro ajuda Nunes? | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Nas suas entrelinhas, a pesquisa divulgada esta semana pelo Instituto Quaest em São Paulo pode indicar o prenúncio de um desgaste. Por alguns dos seus números, a pesquisa parece apontar certo cansaço de parte do eleitorado com a excessiva polarização que marca o debate político. O cansaço com esse FlaXFlu político pode estar no cerne da explicação das performances principalmente de José Luiz Datena (PSDB), mas também de Pablo Marçal (PRTB). Datena encostou nos líderes, chegando a 19%, mesmo percentual de Guilherme Boulos (Psol) e um ponto apenas atrás do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tem 20%. Pablo Marçal tem 12%. Ambos, especialmente Datena, centram muito suas estratégias no discurso da anti-política.

 

Estabilidade

Na verdade, é importante levar em conta que, em geral, o quadro da Quaest foi de estabilidade. Subidas e descidas ficaram dentro da margem de erro da pesquisa. Mas o cenário embolou. Com viés positivo para Datena e Pablo Marçal e negativo para Nunes e Boulos.

Apolíticos

Apolíticos, certamente nem Datena nem Pablo Marçal são. Se ambos se submetem às regras da política, se estão filiados a partidos, se disputam um cargo eletivo, estão claramente no jogo da política. Mas exploram esse perfil, principalmente Datena, e ele cola no eleitorado.

Rejeição ao apadrinhamento é o segundo dado

A polarização política cansou? | Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

No caso, ambos parecem se beneficiar do fato de não aparecerem vinculados aos nomes que hoje disputam as paixões políticas brasileiras. Esse descolamento aparenta ser uma vantagem. Que fica clara quando a Quaest pergunta especificamente aos eleitores que perfil eles querem para o próximo prefeito. Uma expressiva maioria de 51% responde que quer que o próximo prefeito seja "independente". Aceitariam uma aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva 28% (eram 29% na rodada anterior). E com o ex-presidente Jair Bolsonaro 16% (eram 19% antes). O candidato de Bolsonaro é Nunes. O preferido de Lula é Boulos.

Padrinhos

Padrinho não parece ser vantagem. Quando a pergunta é se votaria em alguém indicado por Lula ou Bolsonaro, o quadro fica ainda mais claro. Não votariam em um candidato desconhecido indicado por Lula 68%. No caso de Bolsonaro, o percentual é maior ainda: 75%.

Datena

Esse é o dado que pode fazer com que Datena, desta vez, diante desses números, leve sua candidatura até o fim. O fato de ser visto como independente pelos eleitores pode ser uma vantagem para ele num eventual segundo turno com Nunes ou Boulos.

Nunes

Como mostrou Fernando Molica no seu Correio Bastidores de quinta-feira (31), os dados assustaram a campanha de Ricardo Nunes, que não esperava tamanha rejeição a Bolsonaro. Mas a a posição de Lula não é muito melhor: é, no fundo, o desgaste do FlaXFlu.

Venezuela

Depois da desastrada nota de segunda-feira (29), vale observar a evolução das posições dentro do PT. Na quinta-feira, já criticavam duramente as ações de Nicolás Maduro os senadores Randolfe Rodrigues (AP), Fabiano Contarato (ES) e Paulo Paim (RS).