Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Vereadores: o jogo dos cabos eleitorais de luxo

Presidido por Baleia Rossi, MDB elegeu mais | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Avaliar o desempenho dos partidos na conquista de prefeituras é um dado importante. Mas há um outro quadro que pode ser ainda mais fundamental. Se as eleições municipais costumam ser o primeiro ensaio do que poderá acontecer dois anos depois nas eleições nacionais, verificar quantos vereadores cada legenda fez é uma informação preciosa. Esses parlamentares locais são uma espécie de cabos eleitorais de luxo. Não apenas porque podem ajudar ou atrapalhar os prefeitos eleitos. Mas porque podem turbinar as campanhas dos seus preferidos para presidente ou governador nas suas cidades. E, de novo, os números colhidos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) trazem notícias desafiadoras para o PT e o governo.

 

Centro

Nacionalmente, a votação dos vereadores confirma o crescimento do centro. No caso, foi o MDB que elegeu o maior número: 8.109. O PP veio em segundo, com 6.950. E o PSD é o terceiro com mais vereadores eleitos: 6.624. Depois, vem União Brasil, com 5.845.

PT e PL

No confronto direto da polarização que parece ter se reduzido, o PL levou a melhor sobre o PT. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro elegeu 4.957 vereadores. O do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez 3.128. Atrás do seu parceiro direto, o PSB de Geraldo Alckmin.

Nas capitais, ganhou o PL, seguido do PSD

O PL de Valdemar fez mais nas capitais | Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Nas 26 capitais do país, no entanto, o quadro ficou ainda mais difícil para o PT do presidente Lula. No caso, o partido que mais elegeu vereadores nas capitais foi exatamente o PL. Com recordistas, como Lucas Pavanato, em São Paulo. O alento para o PT foi que elegeu a maior bancada na capital paulista. Após o resultado do segundo turno, ou isso servirá de apoio para Guilherme Boulos (Psol) ou de dor de cabeça para Ricardo Nunes (MDB). Em São Paulo, o PT elegeu nove vereadores. O MDB de Nunes terá sete vereadores. O PL também terá sete. E o Psol de Boulos, seis. Em todas as capitais, o PT fez 61. E o PL, 96 vereadores. O PSD, 73.

Maioria

O PL terá as maiores bancadas em Belo Horizonte, Cuiabá, Florianópolis, Maceió e Palmas. O PSD liderará as bancadas do Rio de Janeiro e de Curitiba. Com diferenças: no Rio, o partido de Kassab é mais próximo do governo Lula. Em Curitiba, é mais próximo de Bolsonaro.

Recife

No Recife, o fenômeno João Campos espalha-se também para a composição da Câmara. O prefeito reeleito terá 15 vereadores do seu partido, o PSB. O PL, que ficou em segundo na disputa da prefeitura com Gilson Machado, terá quatro vereadores. E o PT, somente dois.

Crescimento

Em comparação com o desempenho na eleição anterior, o maior crescimento foi do Republicanos. O partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, elegeu 2.068 vereadores a mais. O PL veio em segundo, com 1.494 vereadores além da performance anterior.

PT cresceu

O PT cresceu também. Elegeu 460 vereadores a mais. Mas, de novo, seu desempenho foi pior que o de seu parceiro de governo, o PSB, que fez 563 vereadores a mais. O MDB, que teve o melhor desempenho, cresceu seus números com 757 vereadores a mais.