Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Quem é o dono do apagão em São Paulo?

Sobrou para o ministro o apagão em São Paulo | Foto: Correio da Manhã

A pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (17) mostrou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) caindo quatro pontos com relação à rodada anterior. Uma queda significativa, acima da margem de erro, que é de três pontos percentuais. Atribuiu-se à queda ao apagão de energia em São Paulo. Apenas este ano, já foi a terceira vez que a cidade ficou sem luz. A irritação das pessoas atingiu a performance de Nunes, mas não melhorou a de seu adversário, Guilherme Boulos (Psol), que permaneceu com os mesmos 33%. O apagão virou o grande tema da reta final da campanha em São Paulo. Mas, como o contrato da Enel é com o estado, e a responsabilidade, então, não é diretamente do município, a culpa pelo apagão virou um jogo de empurra.

 

Ministro

No fim de semana, São Paulo apareceu tomada por faixas que empurram a responsabilidade pelo apagão para o colo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. "Fora Enel! Fora Alexandre! Se concorda, buzine!" Um vídeo mostra buzinaço embaixo de um viaduto.

Aneel

O empurra para Silveira faz algum sentido. A Aneel tem a responsabilidade de regular o setor. Se a Enel não faz bem o seu trabalho, é responsabilidade da agência. A Aneel tem seu grau de independência, mas é vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

Sem dono claro, apagão pouco altera o quadro

Apagão virou tema do debate entre Boulos e Nunes | Foto: Reprodução TV

Assim, a verdade é que, sem dono claro, com responsabilidades que podem ser distribuídas para todos os entes da Federação, o apagão aparentemente não influirá no resultado da eleição de forma significativa a ponto de virar uma disputa que hoje, de acordo com as pesquisas, parece mais favorável à reeleição de Ricardo Nunes. Se ele não fez as podas em árvores e outros serviços de manutenção da cidade que lhe caberiam, o governo de São Paulo aparentemente não vinha também cobrando as responsabilidades da Enel em seu contrato. E a Aneel também não exerceu com maior dureza seu papel regulador.

Lula

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu intensificar sua presença como cabo eleitoral nas disputas em que o PT e seus aliados estão no segundo turno. Há uma avaliação no Planalto de que Lula entrou tarde na campanha.

Delicado

Todo movimento, porém, é delicado. Lula pode atrapalhar às vezes mais do que ajudar. Essa é a avaliação, por exemplo, sobre Cuiabá (MT), onde o petista Lúdio Cabral disputa com o deputado federal Abílio Brunini (PL). O estado é muito bolsonarista. Ideia ali é não federalizar.

São Paulo

Lula foi a Natal, apoiar Natália Bonavides (PT), que disputa com Paulinho Freire (União Brasil). E andou por São Paulo. O PT está muito preocupado com a possibilidade de perder a influência que sempre teve no ABC paulista, berço do seu nascimento.

Rússia

Esta semana, Lula esfria a participação na campanha. Iria à Rússia na terça-feira (22) para a reunião do Brics. Mas levou uma queda, machucou a cabeça e foi aconselhado pelos médicos a não viajar. Agora, é saber se conseguirá participar do final da campanha de Boulos.