Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | AGU comemora o acordo de R$ 167 bi sobre Mariana

Jorge Messias cumpre funções importantes para Lula | Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Deve acontecer na sexta-feira (25) a assinatura do acordo de indenização das vítimas do acidente com a barragem de Mariana ocorrido há nove anos, no dia 5 de novembro de 2015. O acordo prevê o pagamento de R$ 40 bilhões para as vítimas, e mais recursos para reconstrução de estradas, e ações nas áreas de saneamento e saúde. No total, R$ 167 bilhões, sendo R$ 130 bilhões em dinheiro novo. Apesar dos valores, o acordo parece tão bem-sucedido que as mineradoras Vale e BHP, as donas da Samarco, a mineradora responsável, querem assinar o documento em solenidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso. A queda sofrida por Lula poderia adiar a solenidade.

 

Comemoração

Mas Lula está bem e foi liberado pelos médicos. Condutor do acordo, o advogado-geral da União, Jorge Messias, comemora o resultado. O acordo tem a possibilidade de encerrar mais de uma centena de ações diversas que corriam na Justiça. Tanto no Brasil quando no exterior.

Avanço

O ideal sempre pode ser melhor. Mas a AGU o considera um grande avanço. No começo da negociação, o valor que as empresas queriam pagar era de apenas R$ 45 bilhões. O acidente matou 19 pessoas. Despejou mais de 43 milhões de metros cúbicos de rejeitos nos rios.

De "Bessias" a Messias: advogado ganha destaque

Casas devastadas pela lama na região de Mariana | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O acordo é um dos trunfos recentes do advogado-geral da União, Jorge Messias, que apresentou os seus termos na última sexta-feira (18) em Belo Horizonte. Messias começou a se tornar conhecido de uma forma inusitada. Pela gravação que o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro deixou vazar entre a então presidente Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. Na conversa, Dilma negociava com Lula entrada no ministério para que ganhasse foro e pudesse evitar a prisão. Em determinado trecho, Dilma pede a Lula que procure Messias, que era seu assessor. Mas, na transcrição, digitou-se errado o nome: "Fala com o Bessias".

Destaque

Messias superou o episódio e o apelido e começou a ganhar destaque. Tanto que chegou a ser cogitado para a vaga no STF que acabou indo para Flávio Dino. Pesou contra Messias a sua idade. Mas também Lula considerou importante que mantivesse o trabalho na AGU.

Acordos

Há algum tempo, a ordem na AGU era protelar ao máximo todas as ações que envolviam o governo. Ganhava-se, assim, tempo, mas quando o governo perdia, a bolada era astronômica. Messias tem implementado a prática de tentar acordos extrajudiciais.

Evangélico

Jorge Messias cumpre ainda um importante papel político para Lula. Ele é um dos principais condutores da tentativa de aproximação que o presidente faz junto aos grupos evangélicos, onde ele e o PT têm baixa popularidade. Membro da Igreja Batista, Messias faz essa ponte.

Discurso

Messias tem sido acionado para assessorar na montagem do discurso para os evangélicos, e mesmo na aproximação com alguns líderes políticos e religiosos. Por ser ao mesmo tempo filiado ao PT e integrante de igreja cristã, ele consegue unir as duas correntes.