Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Jogo de Bolsonaro não é para agora. É para 2026

Jogo de Bolsonaro com Nunes é dúbio | Foto: Reprodução Redes Sociais

Quando o ex-presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Curitiba e provocou a ira do pastor Silas Malafaia manifestando apoio à jornalista Cristina Graeml (PMB) em detrimento de Eduardo Pimentel (PSD), oficialmente apoiado pelo PL, seu partido, o objetivo não era exatamente a eleição municipal deste ano. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, sinalizou em entrevistas que seu partido poderia ter o governador do Paraná, Ratinho Jr, como candidato à Presidência na sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. Quando Bolsonaro vai a Goiânia apoiar Fred Rodrigues, embora ele seja do PL novamente seu foco não é agora, mas 2026: mina as possibilidades presidenciais do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União.

 

Vitórias

Se Pimentel vence em Curitiba, isso turbina as chances de Ratinho Jr. Se Mabel dá um passeio em Goiânia, alavanca Caiado, que é o seu padrinho. Então, Bolsonaro age não exatamente para fazer mais prefeitos para o PL, mas para garantir que ninguém lhe faça sombra.

São Paulo

É exatamente essa a razão dos movimentos confusos de Bolsonaro em São Paulo. No almoço em apoio ao prefeito Ricardo Nunes, Bolsonaro fez questão de dizer que o candidato em 2026 é ele, constrangendo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Valdemar queria mil prefeitos. Bolsonaro, senadores

Se Ratinho Jr entra na sucessão, então, é miná-lo | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O plano original do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, era eleger mil prefeitos nas eleições municipais deste ano. Não vai chegar aí. Elegeu 511 no primeiro turno. Disputa mais 23 no segundo turno. De qualquer modo, cresceu, fazendo 160 prefeitos a mais. Há uma lógica diferente na estratégia para fazer prefeitos. O partido tem de focar na situação local em cada cidade. Em algumas, faz sentido fazer alianças com o adversário. Esse é o jogo de Valdemar, não é o de Bolsonaro. O ex-presidente trabalha para consolidar dentro e fora do seu partido um campos mais à extrema-direta. Que lhe garanta uma maioria de senadores.

Cenário

E daqui até 2026 ir construindo um cenário que galvanize desde já o grupo mais ligado a ele. Para, por exemplo, aprovar o projeto de anistia aos condenados no 8 de janeiro de uma forma que possa também beneficiá-lo e colocá-lo de volta no jogo da sucessão.

De volta

Então, com o ex-presidente de volta ao jogo, formar uma maioria sólida no Senado. Para então, partir para a segunda parte do plano: conseguir introduzir a aprovar projetos de impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros, enfraquecendo o Judiciário.

Câmara

Mais claro o jogo de Bolsonaro, ele começou a repercutir na sucessão da Câmara dos Deputados. Na condição de equilibrista entre seus interesses e os de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto declarou em entrevista que o partido iria pressionar Lira para votar o projeto de anistia.

PT

Imediatamente, produziu uma reação do líder do PT, Odair Cunha (MG), que estava inclinado a apoiar Hugo Motta (Republicanos) na sucessão de Lira. Se o acordo de Motta com o PL passar por compromisso com o projeto, o PT cai fora. O PSD de Antônio Brito (BA) assiste a tudo.