Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Fim de 2024, 2026 é logo ali

Lula versus Bolsonaro: tudo igual em 2026? | Foto: Reprodução TV

Há quem rejeite a ideia de que a eleição municipal projeta o humor do eleitor brasileiro para a próxima eleição presidencial. Sobre isso, é melhor observar os números. Tomemos por exemplo, o PT. Em 1996, o partido elegeu somente 112 prefeitos. Em 2000, já foram 200. Então, Lula elegeu-se presidente em 2002 pela primeira vez. Em 2004, já foram 411 prefeitos. E Lula foi reeleito em 2006. Em 2008, 557 prefeitos. E Dilma Rousseff foi eleita em 2010. Em 2012, o recorde de prefeitos do PT: 632. Então, em 2016, esse número despenca para 254. Ano do impeachment de Dilma. Jair Bolsonaro eleito presidente em 2018. Em 2020, talvez a exceção: o PT fez somente 179 prefeitos. E Lula venceu Bolsonaro em 2022, mas numa eleição apertada.

 

Mais que buraco

De um modo geral, porém, é possível perceber que a discussão política nos municípios parece ir além da discussão do buraco de rua, da mera discussão dos problemas municipais. Há uma lógica política que permeia, e indica movimentos a favor ou contra.

2024

Os resultados desta eleição de 2024 parecem apontar para dois caminhos. O primeiro: o discurso de esquerda perdeu espaço, e não parece ter respostas para alguns dos anseios do cidadão hoje, como as novas relações de trabalho. O segundo: a direita está dividida.

Discussão que fica é o tamanho real de Lula

Para onde vai o PSD de Kassab e a direita dividida? | Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Tomando-se o raciocínio de alguém que se revela arguto observador da cena política, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, usando-se as aspas dele, "Lula é maior do que a esquerda". Isso já poderia explicar como o PT foi mal em 2020, e ele venceu em 2022. E poderá vir a explicar 2026. Especialmente diante do segundo aspecto. Como já dissemos por aqui no Correio Político, claramente o jogo do ex-presidente Jair Bolsonaro agora visou as próximas eleições presidenciais: menos do que ajudar a eleger prefeitos do seu campo, sua preocupação foi eliminar possíveis adversários nas próximas eleições dentro do seu mesmo campo.

Conserto

Na noite de sexta-feira (25), o governo federal publicou uma edição extra do Diário Oficial da União para consertar a irresponsabilidade do Congresso anotada por aqui na coluna: os parlamentares deixaram caducar MP que isentava a importação de medicamentos.

Alerta

Foi o Correio da Manhã quem deu o alerta. Quando o Congresso aprovou a chamada "taxa das blusinhas", esqueceu-se que os remédios eram isentos, e que milhares de pessoas dependem esses medicamentos para manter as suas vidas, e que eles iriam aumentar em 60%.

MP

Quando, então, sancionou a "taxa das blusinhas", o presidente Lula editou uma MP determinando a manutenção da alíquota zero para os medicamentos importados até o valor máximo de US$ 10 mil a caixa. Mas aí o Congresso deixou a MP caducar na semana passada.

Questão

A solução foi a edição na sexta-feira de uma nova Medida Provisória. Uma solução arriscada. Em tese, o governo não pode reeditar uma MP sobre o mesmo tema. A solução foi fazer modificações para dizer que é uma MP diferente. E torcer para que ninguém questione.