Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | No Congresso, tudo certo como dois e dois são cinco

CAE não marcou a sabatina dos novos diretores do BC | Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Embora o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tenha marcado a aprovação no plenário para até o dia 14 de dezembro, na terça-feira (3), a sabatina dos três novos diretores do Banco Central ainda não tinha sido marcada na Comissão de Assuntos Econômicos. O dia 14 é o sábado da semana que vem, o que significa que, para acontecer, teria de ser antes desse dia. E os nomes de Nilton David (diretor de Política Monetária), Izabela Correia (Relacionamento Institucional) e Gilneu Vivan (Regulação) só podem ser avaliados no plenário havendo antes a sabatina. E, mantido o rito normal, com o costumeiro tempo de beija-mão (visitas anteriores aos gabinetes dos senadores). É, portanto, menos de uma semana para que tudo aconteça.

 

Dá tempo

No Senado, avalia-se que, em princípio, dá tempo, ainda que tenha ficado muito. Mas o fato de a sabatina não ter sido ainda marcada é mais um dos diversos sinais de paralisia por conta dos maus humores no relacionamento do Legislativo com os demais poderes.

Orçamento

O Senado vivia na terça a expectativa de que pudesse vir a ser liderada via Câmara uma nova rebelião parlamentar em torno da forma como o Supremo Tribunal Federal estabeleceu as regras para liberar as emendas. Isso também preocupou o governo.

Polêmicas dão argumentos para adiamentos

Vídeo da Marinha reclamou de corte de "privilégios" | Foto: Reprodução vídeo

Parlamentares reclamam que a forma estabelecida por Flávio Dino não foi exatamente a combinada. As condições ficaram mais restritas. E, aí, o clima pode azedar. O que se comenta é que Dino teria ajustado a coisa à forma mais desejada pelo governo. Ao levar assim a questão para o pleno do STF, teria envolvido os demais ministros numa armadilha. Ainda que seja meio complicado o Congresso esboçar uma reunião porque quer que a liberação de dinheiro público seja menos transparente, não adianta brigar com a realidade. Esse é o clima. Como a pauta em si já é polêmica, argumentos para eventuais adiamentos não faltariam.

Oito dias

Na prática, o Congresso quer finalizar tudo até 20 de dezembro, a sexta antes do Natal. Oito dias úteis somente, portanto. E, no caso do pacote fiscal e do corte de gastos, a tramitação envolve uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Que não foi bem recebida.

Interstícios

Na sua tramitação normal, as PECs prevêem interstícios. Ou seja, prazos regimentais que têm de ser respeitados. A não ser que haja acordo para que sejam quebrados. Acordos desse tipo implicam haver um bom clima de entendimento e boa vontade da oposição.

Clima

Mesmo com relação ao pacote de gastos, a aceitação não foi boa desde a semana passada. Logo que foi anunciado, parlamentares naturalmente começaram a ouvir suas fontes no mercado financeiro. E viram logo que a reação não foi boa. Ninguém iria avalizar.

Militares

Na oposição, pesa ainda a reação militar. Com coisas como o vídeo da Marinha. Os militares deverão ser alvos de cortes, e chegou-se a falar em corte de "privilégios" das corporações. O vídeo mostra cenas da "vida dura" de marinheiros. "Privilégio? Vem pra Marinha".