Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Diretores do BC na zona de risco

Diretores sem tempo para o ritual feito por Galípolo | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Ao Correio Político, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), afirmou que a sabatina dos três novos diretores do Banco Central acontecerá na próxima terça-feira(10). É, porém, uma jogada de risco. A mensagem com a indicação de Nilton Davi (Política Monetária), Izabela Correia (Relacionamento Institucional) e Gilneu Vivan (Regulação) só foi enviada à Mesa do Senado na tarde de quarta-feira (4). Isso significa que o tempo para o tradicional ritual de beija-mão, no qual os indicados vão aos senadores, pedir apoio, ficou muito curto. Com isso, os três indicados passaram a quarta abordando senadores nos corredores do Congresso. Está longe de ser a melhor estratégia.

 

Rito

Pode-se criticar o rito do beija-mão. E é mesmo de se questionar que interesses privados senadores teriam para conversas particulares com diretores do Banco Central. Mas a verdade é que os parlamentares prezam o costume. Porque ele é uma demonstração de poder.

Clima

Ainda mais com o azedo ambiente atual entre governo e Congresso. O que se comentava no Senado é que o mais provável é não haver problemas na aprovação. Mas o governo não deveria apostar todas as suas fichas nisso. Porque não haverá tempo para ajustes.

Sabatina competirá atenção com reforma tributária

Malta reclama: falta de compromisso nas sabatinas | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Com a paralisia dos últimos dias, tudo ficou para as próximas duas semanas. Na semana que vem, a sabatina competirá o foco de atenção com a votação da reforma tributária, nas duas principais comissões do Senado, CAE e Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Assim, o combinado é que a CAE concentre suas sessões nas terças-feiras para que as quartas fiquem para a CCJ. Se a CAE não sabatinar os diretores na terça, levando a aprovação para o plenário na tarde do mesmo dia, a expectativa é que isso não acontece na quarta, porque o dia estará reservado para o projeto que regulamenta a reforma tributária. Dois focos é arriscado.

Rebelião

O presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sentiu certo clima de rebelião e adiou a leitura do relatório da tributária, do senador Eduardo Braga (MDB-AM). O senador Magno Malta (PL-ES) chegou a protestar sobre a falta de compromisso de eventuais sabatinados.

Dino

"Quando esteve aqui, o Flávio Dino garantiu para todos que respeitaria o Congresso. Vejam o que ele faz agora", disse Malta. Se referia à grita geral no Congresso: aprovou-se um projeto estabelecendo as regras para as emendas; Dino deu uma decisão diferente.

Dobradinha

Os parlamentares comentam ter convicção de que a decisão de Dino teria sido uma "dobradinha" com o governo. Querendo retomar mais poder sobre as emendas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria combinado o jogo com Dino. Lula nega, mas ninguém acredita muito.

Diretores

E se o ano terminar sem os diretores do BC aprovados? A regra estabelece que os remanescentes assumem seus votos no Comitê de Política Monetária (Copom). Ou seja, as próximas decisões sobre juros seriam com os votos dos três nomes indicados por Jair Bolsonaro.