Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Quaquá: 'PT vive crise de identidade'

Quaquá: "Lula precisa de amigos, não de puxa-sacos" | Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Duas situações muitas vezes acabaram por isolar os partidos de esquerda ao longo da história. Primeiro, quando adotaram posições extremas à esquerda. Ou quando sucumbiram totalmente a serem linhas auxiliares de partidos mais conservadores. "O PT só se tornou o partido a ficar por mais tempo no poder na história republicana porque liderou coalizões de esquerda em direção ao centro", defende o deputado Washington Quaquá (RJ) e prefeito eleito de Maricá. "E só não se manteve no poder também em 2018 porque o segundo governo Dilma Rousseff resolveu romper com essa lógica", ataca ele. Vice-presidente do PT, mais uma vez Quaquá faz contraponto às posições da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR).

 

Esquerda

Esta semana, Gleisi defendeu que o partido deve se manter à esquerda. Quaquá não discorda. Mas desde que compreenda que essa posição implica manter diálogos com o centro conservador para poder governar. "O PT parece viver uma crise de identidade", provoca.

Social

Para Quaquá, o papel do PT e dos governos que comanda é trabalhar no sentido da melhoria social da sociedade. O deputado critica a forma como hoje o partido e boa parte da esquerda encontra-se preso às pautas identitárias. Isso pode ser a razão de eventuais prejuízos.

Governo e PT precisam se entender com o Centrão

Quaquá defende Okamotto como presidente do PT | Foto: Roosewelt Pinheiro/EBC

Neste momento em que o governo vive em crise com o Congresso, com a pauta travada em torno da questão da liberação orçamentária, Quaquá volta a defender a necessidade de entendimento com o Centrão e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). "Nós precisamos entender que somos minoria no Congresso", diz ele. "E respeitar esse fato", continua. "Os deputados que lá estão foram eleitos. O povo é que os escolheu". Quaquá é crítico das posições do ministro Flávio Dino, que estabelece regras mais rigorosas para a liberação das emendas orçamentárias. "O STF não devia se meter nisso", critica. "É assunto do Congresso".

Crescimento

"Em vez de discutir cortes, devíamos estar discutindo desenvolvimento. Com desenvolvimento, tem dinheiro para emenda, para tudo", defende Quaquá. "O PT precisa assumir o protagonismo das lutas concretas em um país ainda muito desigual", propõe o deputado.

Comando

Tal situação, ele defende, precisa se refletir no comando do PT e no entorno do presidente nos seus auxiliares mais próximos no Palácio do Planato. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirma, precisa ter quem o alerte e eventualmente até discorde dele, com lealdade.

Puxa-sacos

"Lula precisa de amigos, não de puxa-sacos", diz Quaquá. E hoje, ele avalia, hã mais puxa-sacos que amigos em seu entorno. Nesse sentido, ele defende que o próximo presidente do PT seja o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto.

Okamotto

"Okamotto é, de fato, um amigo de Lula", defende o deputado. "É alguém capaz de dizer ao presidente onde eventualmente ele possa estar errando", considera. Para Quaquá, "Lula é um gênio, mas continua sendo humano: ele não acerta tudo, não acerta sempre".