O cientista político Isaac Jordão olha com desconfiança a afirmação feita pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que está fora do páreo presidencial em 2026, já definindo que disputará a reeleição ao governo. Para Jordão, essa talvez seja mesmo a hipótese mais provável diante das circunstâncias. Por outro lado, parece mais prudente apostar que Tarcísio, na verdade, declarou-se fora do páreo justamente para permanecer nele. "Ao dizer que não disputará, Tarcísio reduz a pressão sobre ele vindo dos segmentos da direita, especialmente do ex-presidente Jair Bolsonaro", avalia o cientista político. Desde as eleições municipais, Bolsonaro trata de desestimular alternativas à direita.

Dizendo-se fora do páreo, Tarcísio, na verdade, se preserva. E mira no que vem acontecendo com outra alternativa à direita, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. No momento, Caiado está condenado por abuso de poder político por uma juíza de primeira instância.

Embora o processo em Goiânia contra Caiado e o prefeito eleito, Sandro Mabel, tenha sido movida pelo Ministério Público Eleitoral, há quem desconfie que ele foi estimulado pelo PL. De qualquer modo, deixa fora do páreo ou, pelo menos, abala uma das alternativas.

No fundo, porém, decidir qual cargo irá disputar seguirá um pouco o perfil de Tarcísio. Ele não é alguém forjado no mundo político. É um servidor público que viu passar um cavalo selado na sua frente quando percebeu a chance de virar governador de São Paulo. Da mesma forma, Isaac Pacheco Jordão avalia que ele seguirá preferindo enxergar o cavalo selado. Disputar a reeleição em São Paulo é uma aposta bem mais segura. Outro fator importante é a posição do seu secretário de Governo, Gilberto Kassab, também presidente do PSD. Kassab desestimula a candidatura à Presidência de Tarcísio, porque quer ser seu candidato a vice-governador.

"Eu jamais apostaria fichas contra a aposta de Kassab", diz Pacheco Jordão. No fundo, avalia o cientista político, o que há hoje é um cenário totalmente incerto para 2026. Bolsonaro está inelegível. Pode até terminar o ano de 2025 preso como consequência dos processos.

Tarcísio afirma que candidato é Bolsonaro ou "nome que ele indicar". Essa seria a hipótese: a vitória de alguém apadrinhado por ele. Mas quem? Pela primeira vez, chega-se ao ano anterior de uma eleição presidencial sem qualquer certeza quanto às candidaturas.

Para Isaac Pacheco Jordão, um cenário que vai favorecendo a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Talvez de fato o maior adversário de Lula neste momento seja mesmo a sua idade, sua saúde, e o vigor físico para nova campanha eleitoral. Lula terá 81 anos.

Bolsonaro, observa Jordão, foi o único presidente não reeleito desde a criação do instituto. "Não se pode desprezar o uso da máquina", observa. Se Lula não vier a disputar, deverá ser forte quem ele apoiar. E pesquisa Quaest mostrou chances de Fernando Haddad.