Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Tempos de desafios e incerteza para Lula

PSD pode testar Ratinho Junior em 2026 | Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Antes das eleições municipais, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, chegou a dizer que nem a entrega de mais ministérios e nem mais liberação de verbas orçamentárias garantiria ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoio automático do Centrão à sua candidatura à reeleição como presidente da República. Pelo menos no primeiro turno. Kassab não alterou essa percepção. Que também não sinaliza, por enquanto, apoio à candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem é secretário de Governo. Aponta mais para uma possibilidade de ensaios de outras candidaturas. Nem que seja para testar nomes para voos futuros. Chegou a falar no governador do Paraná, Ratinho Junior.

 

Conservador

Ratinho Junior, seria, no caso, mais um na disputa pelo campo mais conservador. Esse parece ser um complicador para os planos eleitorais de Lula. Os sinais da eleição municipal apontam que ele terá que se ampliar à centro-direita. Adversários nesse campo podem atrapalhar.

Radicais

Algumas conversas no campo conservador têm ocorrido justamente no sentido de que em 2026 o melhor caminho talvez seja evitar o radicalismo que marcou pleitos anteriores. Uma proposta conservadora mantida no campo democrático poderia ter chances.

Lula venceu porque opção não parecia democrática

MDB ensaia exigir Helder como vice de Lula | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Lula venceu uma eleição apertadíssima em 2022. Não porque fosse ali o candidato de esquerda. Mas porque apontava ser o candidato do campo democrático, enquanto, do outro lado, Jair Bolsonaro esboçava ser uma ameaça a essa democracia. Nesse ponto, as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado só reforçaram essa impressão. Foi isso que fez, por exemplo, Geraldo Alckmin aceitar ser seu vice. Ou Simone Tebet, do MDB, terceira colocada, apoiá-lo no segundo turno. Ou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula começa o ano de 2025 avaliando como poderá nos próximos dois anos ampliar essas alianças.

MDB

Se para onde vai o PSD é ainda uma incógnita, o segundo partido a sair forte das eleições municipais, o MDB, parece um parceiro mais provável. Os nomes de oposição, como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, não têm comando interno suficiente para reverter.

Compensação

Mas o MDB esboça exige uma compensação. O partido quer a vice-presidência no lugar de Geraldo Alckmin, do PSB. O nome que se coloca é o governador do Pará, Helder Barbalho. Helder fez 85 prefeitos no estado, incluindo seu primo, Igor Normando, em Belém.

Xadrez

Todo esse xadrez político é sempre muito complexo. Cada cargo que Lula resolver ampliar para abrigar aliados no governo irá gerar reação. Alckmin tem sido um vice fiel a Lula. E o PSB é o partido de esquerda que teve melhor desempenho, elegendo 312 prefeitos.

Emendas

E as emendas orçamentárias são, ao mesmo tempo, solução e armadilha. Lula liberou em 2024 um recorde: mais de R$ 50 bilhões. Mas, assim, ajudou a construir um escândalo e perdeu boa parte da definição do governo sobre políticas públicas. A vida de Lula não é fácil...