Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | E se Lula não for candidato? Essa é a guerra do PT

Ataque a Edinho visa controle da alternativa a Lula | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

É algo que ninguém do PT irá admitir publicamente. Mas que admite nos bastidores. Por trás da intensa guerra interna que se estabeleceu em torno do comando da legenda, a questão que resume é: e se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não for o candidato à Presidência em 2026? Se Lula disputar a reeleição, não haverá, como sempre, discussão. O presidente precede, como sempre precedeu, qualquer discussão. Mas caso ele saia do páreo, o que é algo provável, o quadro ficará totalmente aberto. E nenhum dos grupos que disputa o PT - especialmente os mais importantes - quer deixar de ter influência na escolha da alternativa. Ninguém quer entrar de carona, ficar à revelia de uma discussão que poderá surgir mais adiante.

 

Desarticulação

É por isso que a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fez o oposto do que agora se espera dela. Promoveu no PT a desarticulação. Bagunçou as chances de Edinho Silva no partido, que visam bagunçar as chances de Fernando Haddad em 2026.

Haddad

Haddad disputou a eleição presidencial em 2018, quando Lula não pode disputar. Seria, assim, o nome natural. Mas o grupo contrário a ele lembra sempre que ele perdeu no final para Jair Bolsonaro. Além disso, faz uma política econômica contra a qual esse grupo se bate.

Falta de consenso pode levar a alternativa fora do partido

PT arrepia-se com a alternativa Lula | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Publicamente, ninguém discute alternativa à reeleição de Lula. Com exceção do próprio Lula que, mais de uma vez, já deixou aberta a possibilidade de a idade e a saúde o impedirem de disputar. Haddad se desgastou, até com a ajuda do grupo de Gleisi. A falta de uma alternativa clara no PT pode acabar abrindo espaço para a construção de um nome de fora. Tudo o que o PT não quer. Mas a verdade é que o PSB, a essa altura, tem nomes fortes nesse páreo. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e, correndo por fora, o prefeito do Recife, João Campos.

Alckmin

No caso, quem mais provoca arrepios é Alckmin. Seria alguém de origem muito conservadora para o PT engolir. Dino, que veio do PCdoB, tem um perfil mais à esquerda. Mas seria terrível para um partido que sempre teve a hegemonia abrir mão do nome.

Lula

Nos corredores do Planalto, no entanto, ninguém contesta o quanto Alckmin conseguiu ganhar a amizade de Lula. Quem aposta nele calcula que possa ser alguém capaz de minar alguns dos dividendos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Empresariado

Com toda a condução que faz na Indústria e Comércio, e com seu passado no governo de São Paulo, Alckmin poderia dividir os corações do empresariado, que tende a ficar com Tarcísio. Principalmente se a campanha levar Tarcísio a uma posição mais extremada, bolsonarista.

Imprensado

O que a ala de Gleisi não quer é ficar imprensada numa disputa sem ninguém do seu campo. Entre Alckmin e Haddad, dois nomes que não apoia. É claro: ninguém deve esquecer que quem comandar o partido sentará em meio bilhão do fundo partidário.