Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | R$ 50 bilhões de razões contra Glauber

O que pesou contra Glauber foi o orçamento | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

De forma discreta, na esvaziada semana de feriados emendados, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), demarcou de forma clara sua diferença de estilo com relação a seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL). Pelo que se viu, o presidente da Câmara criador de casos e conflitos foi substituído pelo negociador. Motta costurou acordos importantes para solucionar tanto o projeto de anistia aos presos do 8 de janeiro como o processo de cassação de Glauber Braga (Psol-RJ). A solução para a anistia só se verá na semana que vem. Quanto a Glauber, porém, o acordo já o tirou da greve de fome que já durava mais de uma semana. E deve caminhar para uma alternativa de punição mais branda que a cassação.

 

Canto de cisne

A aprovação do pedido de cassação de Glauber no Conselho de Ética foi, assim, uma espécie de canto de cisne de Arthur Lira. Uma despedida com todos os requintes de maldade, para mostrar quem é que manda e com quem não se deve mexer. Com R$ 50 bi de razões.

Orçamento

R$ 50 bilhões é o valor total de emendas previsto no orçamento. No qual se inclui o tal orçamento secreto, do qual Arthur Lira era o dono da chave do cofre. Glauber não tem dúvidas de que foram os seus ataques a Lira por isso que motivaram o pedido de cassação.

Acerto poderá calar Glauber, mas caso já é de polícia

Glauber reputa a Lira a mão pesada | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A negociação feita por Hugo Motta deve evitar a cassação de Glauber, mas não o livra de uma punição. Motta deu ao deputado do Psol um tempo amplo para se defender - 60 dias. Mas o que se avalia é que, ao final, haverá uma suspensão do seu mandato por seis meses. É tempo mais do que suficiente para que se execute o orçamento deste ano. Sem novos ataques e discursos de Glauber no plenário. De certa forma, assim, o acordo talvez cale um pouco Glauber. Mas quem porventura cometeu algum tipo de irregularidade com orçamento talvez tenha motivos concretos para se preocupar. Orçamento já virou caso de polícia.

Réus

Na terça-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin rejeitou recurso movido pelos deputados que se tornaram réus por desvio de recursos orçamentários. São eles Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE).

Demissão

Na semana passada, o agora ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho pediu demissão ao ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República também por desvio de recursos orçamentários como deputado federal, antes de ocupar o cargo no Ministério de Lula.

Investigações

Outras investigações estão em curso na Polícia Federal. E foram elas, inclusive, que fizeram com o que ministro do STF Flávio Dino obtivesse sucesso no acordo para tornar o orçamento mais rastreável e transparente. Dino detalhou aos parlamentares o que era investigado.

"Prevaricar"

E completou, avisando que parar as investigações seria "prevaricar", o que ele não faria. No fundo, os aliados de Glauber avaliam que, a essa altura, boa parte do seu objetivo ao denunciar já estaria sendo alcançado. Ainda que se cale agora, talvez já não há muito mais a dizer.