Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | Lula voltou para o jogo

Lula teria retomado o que faz de melhor: conversar | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Integrantes do governo e do PT muito têm comemorado nos últimos dias um aspecto: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou para o jogo. Desde especialmente a viagem que fez ao Japão e ao Vietnã, esse aspecto tem sido observado. Lula, para esses integrantes, voltou ao que faz de melhor: a articulação política e, especialmente, a negociação. Ainda que ninguém ainda possa dizer que o ambiente passou a ser de Disney World, onde tudo funciona perfeitamente, há no governo e no PT no momento uma sensação de menor tensão política. Se isso de fato virá a significar maior tranquilidade nos próximos dias, será preciso ver. Porque a oposição ficou incomodada. E promete reagir. O risco maior é de paralisia no Congresso.

 

Negociador

Os que acompanham Lula desde sempre repetem que o principal aspecto do perfil do presidente não é ser de esquerda. É ser um exímio negociador. Isso é o que ele faz de melhor desde os tempos de sindicalista: conciliar e obter o melhor resultado.

Conversas

Lula levou consigo ao Japão os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-AP) e Davi Alcolumbre (União-AP). E seus antecessores, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Desde então, paralisa na Câmara a discussão do projeto de anistia.

Sidônio e Gleisi têm papel na mudança

Sidônio assumiu o posto de "ministro de VDM" | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na viagem agora à Itália para os funerais do Papa Francisco, novamente estiveram na comitiva de Lula Hugo Motta e Alcolumbre. As viagens internacionais são excelentes momentos para conversas. Neste terceiro governo Lula, reclamava-se que tais conversas muito pouco aconteciam. O presidente estava excessivamente blindado, cercado de pessoas que tentavam poupá-lo das más notícias (embora enfrentar as más notícias seja tarefa primordial que se espera de um presidente). Duas mudanças em seu entorno têm sido consideradas importantes para o retorno de Lula ao jogo: Sidônio Palmeira e Gleisi Hoffmann.

VDM

Chico Buarque cunhou há alguns anos uma expressão que passou a ser repetida. Disse que todo governo precisava ter um "ministro de VDM" (não é necessário dizer o que significa a sigla). Alguém que seja capaz de alertar que seguir por um caminho errado dará problema.

Sidônio

Lula não tinha um "ministro de VDM". Seu entorno tinha por ele uma idolatria que impedia tal tarefa. O cargo parece ser ocupado agora por seu secretário de Comunicação, Sidônio Palmeira. Sidônio ganhou espaço para gerir crises. E agora tenta segurar a língua de Lula.

Gleisi

Gleisi Hoffmann assumiu um cargo que o Centrão ambicionava. O episódio da recusa de Pedro Lucas, do União Brasil, do Ministério das Comunicações, deixou claro o risco. Se Lula desse a articulação política para o Centrão ficaria ainda mais refém dele.

Motta

Gleisi é alguém em que Lula confia. E ela tem se mostrado hábil na negociação. Teve papel importante na eleição de Hugo Motta e tem boa relação com ele. Seu problema parece ser o mesmo de Lula às vezes. Alguns reclamam que também precisa segurar a língua.