Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | De novo, a incômoda sombra da corrupção

A história do INSS fustiga Carlos Lupi | Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Na segunda-feira (28), falamos por aqui sobre a sensação no governo e no PT de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou para o jogo e começou a conseguir mais bem azeitar suas relações políticas. Mas nem tudo são flores na vida de Lula e de seu governo. Já não eram mesmo por vários fatores. Mas a semana vem trazendo de volta a sombra que mais incomoda e que mais gruda no governo como piche: a sombra da corrupção. Ela retorna com a ainda muito mal explicada história dos descontos indevidos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). E com outra que teima em não se dissipar: a compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste na covid-19, na gestão do hoje ministro da Casa Civil, Rui Costa.

 

DNA

O senador Rogério Marinho (PL-RN) faz circular nas redes sociais uma entrevista que deu sobre as fraudes. Marinho foi secretário de Previdência no governo Jair Bolsonaro (não havia o ministério). Ele afirma sobre as fraudes descobertas e o PT: "Está no DNA do partido".

Descontos

Na entrevista, Marinho diz que editou uma medida provisória que determinava que os descontos de crédito consignado nas folhas de sindicatos precisariam ser renovados ano a ano. Segundo ele, o PT e os partidos de esquerda teriam feito 19 emendas à MP para atenuar a regra.

Lupi está pressionado. E Costa incomodado

Caso dos respiradores insiste sempre em voltar | Foto: Tatiana Fortes/Gov. do Ceará

A situação do INSS pressiona o ministro da Previdência, Carlos Lupi. E o PDT já afirma que o governo o estaria jogando aos leões. Mas ficou bem ruim para Lupi a história divulgada de que ele estava alertado para as fraudes desde junho de 2023. Ainda que os problemas já existissem nos governos anteriores, é preciso explicar por que os alertas teriam sido ignorados. E quanto a Rui Costa, o caso dos respiradores na covid-19 vai e volta desde a pandemia. Uma história que, vale lembrar, foi na época muito detalhada aqui por este Correio da Manhã. Os partidos hoje no governo conseguiram evitar que tal investigação avançasse durante a CPI.

Desarticulação

Somente a desarticulação política pode explicar como o governo anterior conseguiu ser minoria numa CPI dentro da sua própria gestão. A oposição na época, hoje governo, dominou a comissão, até porque havia mesmo muito a explicar na condução sobre a pandemia.

Desvios

Reportagem de Aguirre Talento no portal UOL na segunda-feira fala de investigação na Polícia Federal que mostra indícios de que os R$ 48,7 milhões pagos pelo Consórcio Nordeste para adquirir os respiradores não entregues teriam sido desviados em sucessivas transferências.

Hempcare

Segundo a reportagem, a Hempcare, a empresa contratada para adquirir os respiradores, teria esvaziado de suas contas o dinheiro recebido transferindo os valores para diversas pessoas que nada tinham a ver com os equipamentos a serem adquiridos.

Automóveis

Esse dinheiro, diz a reportagem, acabou comprando carros de luxo e caminhões. A Hempcare não era especializada na compra de respiradores, mas de medicamentos à base de Cannabis. Na semana passada, o TCU inocentou o Consórcio Nordeste. Mas a história não cessa.