Por: Sérgio Cabral*

Em nome de Deus

Capa do livro 'Em nome de Deus' de Karen Armstrong. | Foto: Divulgação

Nesses dias de guerra no Oriente Médio, tenho pensado muito no livro que lia quando fui preso pela lava-jato de Curitiba e do Rio, em novembro de 2016. Dessa operação fascista não ocuparei nossa coluna. Deles os órgãos de correição da própria justiça estão cuidando, pelos desmandos e arbitrariedades que praticaram sob aplausos de grande parte da mídia. Aliás, minha defesa questiona a origem do circo: como fui preso simultaneamente por dois juízes de Varas Federais de dois estados. Combinaram? Processos compartilhados  entre juízes e procuradores? Bem, tudo isso está em curso de apuração nos órgãos competentes.

Mas vamos ao livro "Em Nome de Deus", de Karen Armstrong. Karen é uma intelectual inglesa, foi noviça católica influenciada pelas tradições irlandesas de sua família. Mas com poucos anos abandonou a vestimenta e as verdades do catolicismo para estudar profundamente as religiões abraâmicas. Hoje, é a maior autoridade em religiões monoteístas. No que pese ter livros e estudos sobre o budismo e o hinduísmo.

Como disse, tenho lembrado muito da obra de Karen, nela a autora destrincha momentos da história em que o fundamentalismo religioso no cristianismo, islamismo e judaísmo barbarizou populações desprotegidas no planeta, em nome de Deus.

Hoje, das três religiões monoteístas, o fundamentalismo que oferece maior perigo à civilização moderna e contemporânea é o fundamentalismo islâmico.

Nesse momento que escrevo, o país mais democrático do Oriente Médio, Israel, é atacado pelos fundamentalistas do Hamas, ao sul, e ao norte do país começaram os ataques do Hezbollah.  

Todos nós, democratas, desejamos que a Palestina tenha suas terras reconhecidas  e que seja uma nação plural e próspera. E que nessa guerra, todos os esforços sejam feitos para evitar a morte de civis inocentes dos dois lados do enfrentamento.

Entretanto, há quem olhe para Israel com críticas por conta da sua reação à covardia do dia 7 de outubro. Como essas pessoas queriam que a nação israelense reagisse ao maior ataque  covarde desde o 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque?

Conviver com um vizinho intolerante, violento e cruel? Como assim?

Mantive relações com o mundo islâmico durante toda minha vida pública, da mesma maneira com Israel. Meu coração sente pelas mulheres dos países autocráticos do Oriente Médio. Subserviência imposta de maneira incompreensível. Proibições e criminalizações como as relações homoafetivas chocam o mundo.

Não gosto de Benjamin Netanyahu, na verdade acho ele horroroso. Mas é a nação israelense que está combatendo o fundamentalismo islâmico. Oposição e governo estão unidos no comando da guerra. Netanyahu será substituído após a guerra. Dependendo do andar da carruagem, pode ser afastado ainda durante o conflito.

Portanto, força, Israel! O fundamentalismo religioso armado não pode ser tolerado, em hipótese nenhuma. Seja ele de origem islâmica, cristã ou judaica.

*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho

 

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