Máxima entre profissionais do marketing político, quando a/o candidata/o se encontra muito bem no páreo eleitoral: só perde a eleição se for pego batendo numa senhora em praça pública.
Pois bem, o identitarismo por vias transversas e sutis tem sido capaz de anestesiar massas de seguidores, até mesmo em situações absurdas, de seus ícones da direita no mundo. Aqui no Brasil, nos últimos 6 anos, temos visto declarações que deixam frade de pedra corado, e que não abalam a imagem e a crença no bestial.
Nos Estados Unidos assistimos a algo de consequências planetárias: o retorno de Trump ao comando da nação mais rica e poderosa do planeta.
Trump foi para a porta do Capitólio, em janeiro de 2021, defender a sua invasão e o impedimento da leitura por parte de seu vice, Mike Pence, do resultado da eleição presidencial, no plenário do Congresso norte-americano.
Trump acaba de massacrar sua adversária, Nikki Haley, no estado que ela governou por anos, Carolina do Sul. Após a divulgação do resultado, Haley fez uma declaração quixotesca de permanência na disputa. Mas será, caso a ex-governadora e ex-embaixadora dos EUA na ONU persista, licença ao Nobel Garcia Marques, crônica de uma morte anunciada. Trump, nesse momento, tem 107 delegados, Nikk Haley, 17. Será um massacre, caso ela persista.
Penso nos anos 30, 40, 50 e 60, esclareço que nasci em 63, como anos em que a esquerda ocidental, com raras exceções, se entorpeceu diante das barbaridades de Stálin e sua gang. O fenômeno atual com líderes de direita, guardadas as devidas proporções, me impressiona pela verossimilhança da anestesia das massas.
Conheci Trump, me recebeu com enorme distinção em seu escritório na Trump Tower, em 2011, e depois almoçamos na praça de alimentação com centenas de pessoas em frenesi ao vê-lo, pedindo autógrafos e fotos. Na época, ele fazia um programa de entretenimento na TV.
Trump desejava investir em hotéis e campos de golfe no Rio. Como era assunto municipal, da própria mesa do restaurante liguei para o Eduardo Paes e os coloquei em contato. No entanto, fiquei próximo de sua filha Ivanka, que mesmo grávida na ocasião, era seu braço direito. Uma moça encantadora.
Conheci Obama e Michele, as meninas e sua avó. Uma família incrível. Gentis, e verdadeiramente curtiram o Rio. Levei-os para conhecer a Cidade de Deus e a experiência das UPPs; Obama palestrou no Theatro Municipal; a primeira família norte-americana foi ao Cristo Redentor. Enfim, carismáticos e incríveis.
George Bush, pai, me recebeu em Houston, Texas, quando seu filho presidia os EUA. Seria um encontro de 20 min. Ficamos 1 hora e 20 minutos. Um charme de pessoa.
Bill Clinton, o recebi como presidente da Alerj. Fomos à Vila Olímpica da Mangueira, bateu pênalti para o Pelé. Um sucesso. Anos depois palestrávamos em Davos, e me disse que a foto desse pênalti estava em seu escritório, com destaque.
Joe Biden, o recebi como vice-presidente dos EUA. Fomos à região portuária. Minha memória do encontro? Uma pessoa educada, afável, mas sem appeals do mesmo naipe dos demais. O extremo, o absurdo do outro lado, a insensibilidade com os doentes da COVID, tudo isso contribuiu para sua eleição em 2020 contra Trump.
Mas creio que se não houver algo muito fora do comum, Trump estará sendo empossado dia 20 de janeiro de 2025. E o mundo sentirá as consequências…
*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho