Por: Sérgio Cabral*

Venezuela

Mapa da Venezuela, mostrando os páises vizinhos. | Foto: Divulgação

Em 1992, o tenente-coronel Hugo Chaves liderou uma malograda tentativa de golpe na Venezuela. Ficou preso por dois anos. E se converteu na principal oposição ao governo de Carlos Andrés Perez, então presidente do país.

Em 1998, Chaves foi eleito presidente pelo voto democrático.

O tenente/coronel e seus áulicos gostaram do poder. Detonaram o alto escalão das forças armadas. Prenderam adversários políticos, expulsaram do país empresários inimigos, a mídia independente foi massacrada. Estatizaram diversas empresas e expulsaram investidores estrangeiros que não cumprissem as exigências de Chaves e seus áulicos.

Com recursos abundantes advindos das receitas do petróleo, Chaves implementou programas sociais e subsídios à população mais carente, que encheram os olhos da opinião pública progressista internacional. A esquerda atrasada tem os mesmos vícios e características da direita retrógrada: adora cultuar um militar rebelde que peita e detona o establishment com ares revolucionários do tipo "contra tudo e contra todos que estão aí…".

Chaves morreu em 2013, e deixou seu pupilo, Nicolás Maduro, no poder. Em 11 anos, seu sucessor mantém a mesma pegada do guru. Tira da frente os principais líderes oposicionistas com prisões e condenações abusivas e sem o devido processo legal e transparente. Uma milícia política persegue adversários do regime nas ruas do país com a cumplicidade e incentivo do governo Maduro.

No próximo domingo, haverá eleições no país para presidente. A oposição teve que se virar para encontrar um nome que substituísse a principal líder de oposição, Maria Corina Machado, impedida pelo regime e o judiciário subserviente de disputar a eleição. Em 2023, a oposição realizou primárias para a escolha do candidato à presidência e Maria Corina venceu com mais de 90% dos votos. Em janeiro de 24, a "justiça bolivariana" a condenou por corrupção e formação de quadrilha, tornando-a proscrita do processo eleitoral por 15 anos. Repare que os métodos da direita e da esquerda retrógradas são bem parecidos. Bem sabemos disso com o aparato ilegal da lava-jato em Curitiba e no Rio.

A oposição improvisou às pressas o nome do ex-embaixador Edmundo Gonzáles Urrutia, que mesmo sem carisma e desconhecido do povo venezuelano, ao lado da líder Maria Corina Machado, está levando a ditadura disfarçada de Maduro à loucura. Uma eventual derrota do regime chavista, há 26 anos no poder, me dá esperança na nossa América do Sul, que tem enfrentado com galhardia as tentações de golpes em diversos países. Agora mesmo, na Bolívia, militares de direita foram presos após uma invasão ao palácio presidencial e foram corridos de lá pelo próprio presidente do país, Luís Arce.

Desde 2015, 7 milhões de venezuelanos deixaram o país. Hoje são 29 milhões de habitantes no país. O maior êxodo migratório da história da América do Sul. O país está quebrado. Os caricatos líderes venezuelanos bolivarianos esqueceram o básico em economia: sem prosperidade, a justiça social é uma piada de mau gosto.

Que Deus permita que o povo venezuelano se livre dessa gente no próximo domingo.

*Jornalista. Instagram:

@sergiocabral_filho