Por: Sérgio Cabral

O perigo

Tática de confusão de Trump acaba criando problemas | Foto: RS/Fotos públicas

Donald Trump enfiou o pé na jaca. Ligou a seta do "fuck them" e iniciou uma perseguição atroz aos imigrantes ilegais, como também meteu o pé no freio na legalização daqueles que estão dedicados aos estudos ou já empregados nos Estados Unidos, mas ainda em processo de se legalizar no país.

Por outro lado fez xixi na nossa cabeça assim como de toda a América, incluindo o Canadá. Mexicanos são delinquentes e já deixou claro o seu pensamento e crença na irrelevância do Brasil e de toda a América Latina.

Por ele, iremos respirar cada vez pior no planeta. Não tá nem aí para o fato de que 2023 e 2024 foram os anos mais quentes da Terra, desde que as medições se iniciaram pela ciência.

O xisto é um trunfo mineral que Donald Trump quer explorar ao máximo na produção de óleo e gás. Além da exploração maciça de petróleo no continente e no mar em intensidade jamais vista.

Lembro-me do encontro com o então governador da Pensilvânia, Tom Corbett, republicano, no Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro. Tivemos uma longa conversa sobre a exploração de xisto nos Estados Unidos. O processo de conversão em óleo e gás do mineral é feito por meio de fraturamento hidráulico, que consiste em quebrar as rochas com uma mistura de água e químicos. Pela Pensilvânia passa a Camada Marcellus, farta em xisto. Ela também passa em outros estados norte-americanos e no Canadá. O xisto, junto com a exploração convencional de óleo e gás, deram aos Estados Unidos autossuficiência no consumo de petróleo. O país passou, inclusive, a ser exportador de gás e petróleo.

Tom Corbett me descreveu, entusiasmado, a febre na extração e exploração em seu estado. Terras e fazendas sendo convertidas em campo de exploração. Perguntei o que achava do filme produzido e estrelado pelo ator Matt Damon, "Promised Land". O filme explora o impacto social da técnica do fraturamento hidráulico, que provocou batalhas ambientais e políticas sobre seus efeitos na água potável, no uso de energia dos EUA, atividade sísmica e outras áreas impactadas. Corbett e sua equipe me garantiram que os aspectos negativos estavam superados pela tecnologia ambiental.

Mas não é bem assim, sabemos bem.

Trump tirou os Estados Unidos do Acordo de Paris. Significa dizer que o país poluente vai ignorar o compromisso das nações em evitar o aquecimento global.

Trump abre guerra contra seres humanos em busca de uma vida melhor, que ele trata como bichos, e contra o meio ambiente em seu país, com repercussão ambiental global, pelo nível de padrão de consumo da sociedade americana.

Na concepção de Donald Trump, fazer a "América grande de novo" passa pela arrogância do governo do país em ignorar o fato de que os Estados Unidos foram os maiores poluidores do planeta, no século XX. Passa pelo risco de imigrantes não legalizados serem vítimas de cruéis perseguições do governo e, o que é mais grave: milícias de mentalidade supremacista da extrema direita trumpista, armadas, irão perseguir imigrantes como baratas. Não tenha dúvida que o espírito da Klux Klux Kan e da juventude hitlerista são fontes de inspiração.

O mundo civilizado comprometido com os direitos humanos e o meio-ambiente devem agir, imediatamente.

*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho