Por: Yasmim Grijó

Petrópolis teve 62 casos de estupro contra menores em 2023

País registrou 45.994 casos de estupro de vulnerável em 2021 | Foto: Marcello Casal Jr/Arquivo/Agência Brasil

Por Yasmim Grijó

Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ) revelam uma situação preocupante em Petrópolis. Em 2023, 62 crianças e adolescentes foram vítimas de estupro na cidade. Deste número, 55 foram meninas e sete meninos; o que corresponde há uma situação de vulnerabilidade muito grande para o público feminino.

Neste mês, a campanha Maio Laranja busca sensibilizar e mobilizar a sociedade para o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o Brasil. De acordo com o ISP, 29% dos casos o abusador era pai, padrasto, mãe ou madrasta, e em 17,7% dos casos o agressor era outro parente.

Em nível estadual, o ISP indica que foram registrados 3.762 casos de abuso sexual envolvendo crianças e adolescentes em 2023, uma média de mais de 10 estupros por dia no estado do Rio de Janeiro.

A situação é ainda mais alarmante quando analisamos os dados a nível nacional. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que teve sua última atualização em 2023, o Brasil registrou mais de 74 mil estupros, o maior número de estupros da história. Deste número, 56.820 casos foram contra crianças e adolescentes.

A psicóloga Karolayne Meideiros, explica que as causas por trás da violência e do abuso sexual apresentam uma variedade de situações. Muitas vezes, os agressores de pedofilia encontram justificativas para seus atos, apoiando-se em padrões culturais e sociais enraizados que historicamente minimizaram a gravidade desses crimes.

"Os abusadores muitas vezes racionalizam seus comportamentos violentos, justificando-os como parte do desenvolvimento da sexualidade da criança ou como expressões de afeto especial. Essa distorção da realidade permite que continuem perpetuando a violência e o abuso sexual", ressalta.

A profissional destaca que em abusos envolvendo algum tipo de parentesco com o menor, os abusadores frequentemente manipulam a percepção da criança, fazendo-a acreditar que os atos cometidos são formas de proteção ou normais em um relacionamento familiar.

Como identificar

Como resultado, as marcas da violação podem não ser evidentes fisicamente, dificultando a identificação e o registro do abuso. Por isso, Karolayne enfatiza que é crucial que as conversas com a criança sejam abertas e cuidadosas, evitando o uso da palavra "segredo".

"A chamada "síndrome do segredo" estabelece uma relação de confidencialidade entre vítima e agressor, tornando difícil para a criança denunciar o abuso. Alterações de humor, agressividade, isolamento e medo são sinais de alerta, assim como regressão comportamental, como chupar o dedo", diz.

A escola pode desempenhar um papel fundamental na identificação do abuso, uma vez que os professores podem observar mudanças comportamentais precocemente. A psicóloga explica que em caso de suspeita ou confirmação de abuso, é fundamental procurar o Conselho Tutelar ou a Delegacia da Criança e do Adolescente para que o agressor seja responsabilizado.

"Não há uma solução simples para combater a violência sexual, mas é fundamental nunca ignorar os sentimentos da criança e estar atento aos sinais de abuso. Cuidados adicionais devem ser tomados em momentos íntimos, como durante o banho, e é essencial estar alerta quanto às pessoas com quem a criança fica em contato", completa.

Como denunciar

O Governo Federal dispõe de um telefone, o Disque 100, para denúncias anônimas de qualquer violação de direitos, incluindo situações que envolvam violência sexual contra crianças e adolescentes.

Além disso, as denúncias podem ser feitas aos órgãos policiais, como o 190 da Polícia Militar, e o 197 da Polícia Civil, e aos Conselhos Tutelares em cada município, que devem apurar e, quando confirmadas, encaminhá-las ao Ministério Público.

Maio Laranja

Instituído por meio de uma lei federal em 2022, o Maio Laranja amplia o simbolismo do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio. Essa iniciativa representa um esforço conjunto para enfrentar um problema que assola nossa sociedade há décadas.